Voce gosta de cookies? Sim? Acha-os saborosos?
Já comeu vários? Já pensou, porém, que essas delícias que você mastigou
poderiam ter tido uma alma? Sim, isso mesmo, uma alma imortal igualzinha a sua.
Nunca considerou isso? Acha a ideia insana? Então é melhor você começar a
assistir mais filmes trashs e entender melhor aquilo que tem
comido.
Lançamento: EUA (2005)
Duração: 70 minutos
Direção: Charles Band
Biscoito Assassino
Uma receita de matar
Hoje o Café com Tripas vai ensinar
você, pobre leitor único deste blog, a fazer uma receita de matar.
Literalmente. Pegue seu aventalzinho, prepare suas facas mais afiadas (caso você
tenha menos de 18 aninhos pessa ajuda para a mamãe ou use sua faquinha de
plastico, ok?) e prepare-se para provar algo o qual você jamais provou – minto:
você já provou, mas nunca desse jeito.
Ingredientes:
·
10l
de Sangue
·
5 kg
de açúcar
·
1 copo
americano de assassino
·
20 kg de farinha trash
· 2 colheres de chá de cliches americanos
· 2 colheres de chá de cliches americanos
·
1 xícara
de roteiro inconsistente
·
5
colheres de sopa de personagens sem sal
·
1
pitada de desenho animado
Modo
de preparo:
Misture os clichês no copo
americano e vá adicionando a massa lentamente sobre a o roteiro,
enquanto isso, tente cobrir os furos com um pouco de trash
e açúcar. Quanto a coisa toda der um grude, jogue o restante dos
ingredientes por cima de modo aleatório, sem muita coerência. Por
fim, bote tudo em fogo alto por uma hora e tcharam: você tem seu biscoito
assassino.
Bom dia, senhora, esse biscoito com calda
cor de sangue é do quê?
Biscoito assassino conta a história
de Millard Findlemeyer, um assassino que após seus últimos crimes vem a ser
preso e condenado à pena de morte. Após ser frito na cadeira elétrica, ele volta
dos mortos para se vingar (?) da filha/irmã de suas duas ultimas vitimas... No
entanto, ele volta no corpo de um biscoito.
P*rr* meu, esse biscoito é um lixo... me
vê mais uma duzia
Não preciso nem dizer que
“Gingerdead Man” é muito ruim. Porém, é aquele tipo de filme que, por pior que
seja, a gente insiste em continuar assistindo... Também não dá pra
esperar muito de um filme em que o tema central é um cookie assassino, né?
A história inicia dois anos antes, mostrando o pai e irmão de Sarah morrendo
pelas mãos do sádico assassino num “dinner” em algum lugar dos EUA. Em seguida,
voltando ao presente, nos é mostrado que ela seguiu com a confeitaria de seus
pais, mas sua mãe se entregou à bebida, sofrendo não somente com seus
problemas pessoais, mas também com entrada de uma grande franquia na cidade,
que pode levar seu negocio a falência. Dois dias após o assassino ser
eletrocutado, uma misteriosa entrega de tempero de gengibre é colocada frente à
porta de Sarah. Ela, contudo, pouco se atenta a isso e, ao usar o tempero para
fazer um biscoito - junto com sangue do seu assistente que cai sem querer na
massa, uma descarga elétrica e pegar fogo - nasce o Biscoito Assassino. Simples
e bizarro, assim como estou escrevendo.
Na boa véi, tanto lugar pra
reencarnar e ele escolhe justo um BISCOITO?
O
filme não deixa muito claro qual foi o “ritual” para que Millar ressuscitasse,
porém é possível deduzir que o tempero foi deixado por sua mãe, sendo misturado
com as cinzas do mesmo. Todavia, além disso, o filme deixa outros pontos em
aberto (leia-se: furos no roteiro) como, por exemplo, aquela do sangue na massa:
não sabemos se o assistente de Sarah se corta sem querer, de modo que a massa
já veio “encapetada” antes de receber os fluídos dele, ou se o assassino estava
envolvido com o ritual, influenciando magicamente o assistente para que ele se cortasse.
Mas a pergunta continua: um
BISCOITO?
Sim, mas não menospreze esse corpo de farinha, amido e maldade. Um cookie
consegue ser muito mais eficiente que muitos humanos por ai. Nosso amigo
biscoito consegue dirigir carros, usar uma pistola, montar armadilhas, cortar
dedos e cabos, arrastar pessoas e outras coisas que faziam inveja a qualquer
assassino de meio período por aí.
Ainda acha que esse biscoito é só açucar?
Muita massa, mas cadê o
recheio?
“Gingerdead Man” toca muitos
assuntos, mas, na verdade, não trata de nenhum em específico, ou seja, é um
filme que pega diversas ideias e temas e joga no meio do roteiro sem explorar
nenhum. Exemplos disso são:
- Logo
no inicio do filme é possivel notar que o Millar tem algum problema relacionado
com a mãe, o que possivelmente o levava a cometer seus crimes, já que em alguns
momentos ela é citada diretamente. Entretanto, em nenhum momento do filme nos é
mostrada a história existente entre os dois.
- É
possível perceber que o diretor tenta tratar da questão dos comércios tradicionais sendo
substituidos pelas grandes franquias padronizadas, quando percebemos que a
confeitaria de Sarah está sendo ameaçada, porém, isso acaba não passando de um
background besta para jogar os personagens no cenário.
-
Enfim, há também a questão da perda, já que a personagem viu o pai e o irmão
serem assassinados, reagindo a isso com a imersão no vício, uma experiência
traumática que no filme é abordada sem muita emoção.
Enfim, a película é feita em
cima de personagens esteriotipados de filmes hollywoodianos: a mocinha inocente
que gosta de ajudar (e até estuda enfermagem para cuidar dos outros), a vilã
patricinha que é uma vadia egoista, o rebelde que é apaixonado pela
mocinha, mas que sai com a outra, o empresário que acha que pode comprar tudo com
dinheiro, o amigo estranho da protagonista que é apaixonado pela mesma, o
esquisito que acaba se tornando o herói e etc. Em suma: o diretor poderia
abordar diversos temas interessantes no filme, porém usou todos eles
superficialmente, criando um slasher simples, bizarro e divertido, embora sem conteúdo
algum.
Ovos, farinha, temperos e
outros detalhes...
Não é apenas o roteiro é fraco, mas
todo o resto também. Isso não significa, no entanto, que não funcione bem. Os efeitos
são cômicos, principalmente quando se trata do biscoito (que p*rr* de rosto é
aquele?). Ademais, os atores são péssimos: Sarah perde o pai e o irmão, porém
não consegue verter uma única lágrima; ninguém transparece emoção alguma e,
mesmo vendo um cookie assassino, todos se comportam de maneira relativamente
normal.
Aliás, não podemos nos esquecer da trilha
sonora, uma das coisas mais divertidas do filme - Por quê? Você há de me
perguntar. E respondo: porque grande parte das musicas parecem de desenho
animado, dando um clima mais humorado para o filme.
Comer ou não comer, eis o
biscoitão...
Se voce procura uma comida com sustancia
e que vai te alimentar bem, passe bem longe do biscoito assassino. Mas se voce
é como eu que adora beliscar guloseimas diferentes mesmo que não vá te
alimentar nada, mas que ajudam a descontrair e ter experiências diferentes, o
filme é mais que recomendado.
Trailer:
queria achar esse filme dublado, se souber me avisa.
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