sábado, 28 de abril de 2012

Resenha: O biscoito assassino (The gingerdead man)


            Voce gosta de cookies? Sim? Acha-os saborosos? Já comeu vários? Já pensou, porém, que essas delícias que você mastigou poderiam ter tido uma alma? Sim, isso mesmo, uma alma imortal igualzinha a sua. Nunca considerou isso? Acha a ideia insana? Então é melhor você começar a assistir mais filmes trashs e entender melhor aquilo que tem comido.





Título original: The gingerdead man
Lançamento: EUA (2005)
Duração: 70 minutos
Direção: Charles Band






Biscoito Assassino
Uma receita de matar

            Hoje o Café com Tripas vai ensinar você, pobre leitor único deste blog, a fazer uma receita de matar. Literalmente. Pegue seu aventalzinho, prepare suas facas mais afiadas (caso você tenha menos de 18 aninhos pessa ajuda para a mamãe ou use sua faquinha de plastico, ok?) e prepare-se para provar algo o qual você jamais provou – minto: você já provou, mas nunca desse jeito.

Ingredientes:
·         10l de Sangue
·         5 kg de açúcar
·         1 copo americano de assassino
·         20 kg de farinha trash
·     2 colheres de chá de cliches americanos 
·         1 xícara de roteiro inconsistente
·         5 colheres de sopa de personagens sem sal
·         1 pitada de desenho animado

Modo de preparo: 

        
   Misture os clichês no copo americano e vá adicionando a massa lentamente sobre a o roteiro, enquanto isso, tente cobrir os furos com um pouco de trash e açúcar. Quanto a coisa toda der um grude, jogue o restante dos ingredientes por cima de modo aleatório, sem muita coerência. Por fim, bote tudo em fogo alto por uma hora e tcharam: você tem seu biscoito assassino.


Bom dia, senhora, esse biscoito com calda cor de sangue é do quê?
 
            Biscoito assassino conta a história de Millard Findlemeyer, um assassino que após seus últimos crimes vem a ser preso e condenado à pena de morte. Após ser frito na cadeira elétrica, ele volta dos mortos para se vingar (?) da filha/irmã de suas duas ultimas vitimas... No entanto, ele volta no corpo de um biscoito.

P*rr* meu, esse biscoito é um lixo... me vê mais uma duzia
    
       Não preciso nem dizer que “Gingerdead Man” é muito ruim. Porém, é aquele tipo de filme que, por pior que seja, a gente insiste em continuar assistindo... Também não dá pra esperar muito de um filme em que o tema central é um cookie assassino, né?
            A história inicia dois anos antes, mostrando o pai e irmão de Sarah morrendo pelas mãos do sádico assassino num “dinner” em algum lugar dos EUA. Em seguida, voltando ao presente, nos é mostrado que ela seguiu com a confeitaria de seus pais, mas sua mãe se entregou à bebida, sofrendo não somente com seus problemas pessoais, mas também com entrada de uma grande franquia na cidade, que pode levar seu negocio a falência. Dois dias após o assassino ser eletrocutado, uma misteriosa entrega de tempero de gengibre é colocada frente à porta de Sarah. Ela, contudo, pouco se atenta a isso e, ao usar o tempero para fazer um biscoito - junto com sangue do seu assistente que cai sem querer na massa, uma descarga elétrica e pegar fogo - nasce o Biscoito Assassino. Simples e bizarro, assim como estou escrevendo.

Na boa véi, tanto lugar pra reencarnar e ele escolhe justo um BISCOITO?
            O filme não deixa muito claro qual foi o “ritual” para que Millar ressuscitasse, porém é possível deduzir que o tempero foi deixado por sua mãe, sendo misturado com as cinzas do mesmo. Todavia, além disso, o filme deixa outros pontos em aberto (leia-se: furos no roteiro) como, por exemplo, aquela do sangue na massa: não sabemos se o assistente de Sarah se corta sem querer, de modo que a massa já veio “encapetada” antes de receber os fluídos dele, ou se o assassino estava envolvido com o ritual, influenciando magicamente o assistente para que ele se cortasse.
            Mas a pergunta continua: um BISCOITO?
            Sim, mas não menospreze esse corpo de farinha, amido e maldade. Um cookie consegue ser muito mais eficiente que muitos humanos por ai. Nosso amigo biscoito consegue dirigir carros, usar uma pistola, montar armadilhas, cortar dedos e cabos, arrastar pessoas e outras coisas que faziam inveja a qualquer assassino de meio período por aí.
Ainda acha que esse biscoito é só açucar?
 
Muita massa, mas cadê o recheio?
           “Gingerdead Man” toca muitos assuntos, mas, na verdade, não trata de nenhum em específico, ou seja, é um filme que pega diversas ideias e temas e joga no meio do roteiro sem explorar nenhum. Exemplos disso são:

- Logo no inicio do filme é possivel notar que o Millar tem algum problema relacionado com a mãe, o que possivelmente o levava a cometer seus crimes, já que em alguns momentos ela é citada diretamente. Entretanto, em nenhum momento do filme nos é mostrada a história existente entre os dois.

- É possível perceber que o diretor tenta tratar da questão dos comércios tradicionais sendo substituidos pelas grandes franquias padronizadas, quando percebemos que a confeitaria de Sarah está sendo ameaçada, porém, isso acaba não passando de um background besta para jogar os personagens no cenário.

- Enfim, há também a questão da perda, já que a personagem viu o pai e o irmão serem assassinados, reagindo a isso com a imersão no vício, uma experiência traumática que no filme é abordada sem muita emoção.


Enfim, a película é feita em cima de personagens esteriotipados de filmes hollywoodianos: a mocinha inocente que gosta de ajudar (e até estuda enfermagem para cuidar dos outros), a vilã patricinha que é uma vadia egoista, o rebelde que é apaixonado pela mocinha, mas que sai com a outra, o empresário que acha que pode comprar tudo com dinheiro, o amigo estranho da protagonista que é apaixonado pela mesma, o esquisito que acaba se tornando o herói e etc. Em suma: o diretor poderia abordar diversos temas interessantes no filme, porém usou todos eles superficialmente, criando um slasher simples, bizarro e divertido, embora sem conteúdo algum.
Ovos, farinha, temperos e outros detalhes... 

            Não é apenas o roteiro é fraco, mas todo o resto também. Isso não significa, no entanto, que não funcione bem. Os efeitos são cômicos, principalmente quando se trata do biscoito (que p*rr* de rosto é aquele?). Ademais, os atores são péssimos: Sarah perde o pai e o irmão, porém não consegue verter uma única lágrima; ninguém transparece emoção alguma e, mesmo vendo um cookie assassino, todos se comportam de maneira relativamente normal.
Aliás, não podemos nos esquecer da trilha sonora, uma das coisas mais divertidas do filme - Por quê? Você há de me perguntar. E respondo: porque grande parte das musicas parecem de desenho animado, dando um clima mais humorado para o filme.
Comer ou não comer, eis o biscoitão...
            Se voce procura uma comida com sustancia e que vai te alimentar bem, passe bem longe do biscoito assassino. Mas se voce é como eu que adora beliscar guloseimas diferentes mesmo que não vá te alimentar nada, mas que ajudam a descontrair e ter experiências diferentes, o filme é mais que recomendado.
Trailer:


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