Você
acredita em monstros? Não? Mas e quando você chamava seus pais porque estava
com medo dos monstros que estavam embaixo de sua cama e dentro do seu armário
quando era pequeno? Eram apenas fantasias da idade? Mas você jurava de pé junto
que tinhas visto coisas, não? Aham... sei...
“Na casa dos sonhos, o garoto tentava escutar
o monstro embaixo de sua cama. Uma aterradora presença na escuridão o havia
despertado no meio da madrugada, e ele aguardava o som revelador de uma
respiração. Haveria tal respiração? Ou o monstro chegaria em silencio, sem
aviso? Ele não teria tempo de se defender ou de proteger os tesouros guardados
em sua velha caixa de brinquedos. A possibilidade de tal ataque o enervava, mas
ele não ousava se mexer. Não ousava colocar sua cabeça fora do barco e checar o
espaço entre o colchão e o amplo mar azul do tapete trançado de sisal. Ele não
ousa acender o abajur e inundar o quarto de luz, arriscando-se a assustar o
monstro e tirá-lo de seu esconderijo. Não havia qualquer respiração além da
sua, nenhum som além do bater ritmado de seu coração. ”
Título original: The boy who drew
monsters
Autor: Keith Donohue
Ano: 2014
Editora: Darkside books
Páginas: 252
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Jack
Peter é um garoto de 10 anos que, apesar de ter Asperger (uma síndrome semelhante
ao autismo), tinha uma vida normal no litoral do Maine. Após um acidente em que
ele e seu amigo Nicholas quase morreram afogados, JP passa a sofrer de
agorafobia, impedindo-o de sair de casa e se tornando cada vez mais reservado.
Trancado dentro de casa e sem muito contato com o mundo externo, a não ser por
seus pais e Nick, ele passa seus dias se entretendo com hobbies temporários que
ocupam seu tempo.
Quando
os feriados de final de ano se aproximam e JP está cada vez mais entretido em
seus desenhos, a família começa a presenciar situações incomuns que não
conseguem explicar. Jack Peter repete que existem monstros por perto, mas seus
pais acham que é apenas um reflexo de seus passatempos. Afinal, monstros não
existem, não é mesmo?
As
criaturas ao redor
Antes
de começar mesmo a resenha, já vou adiantar que O menino que desenhava
monstros não é um livro sobre monstros, mas sobre pessoas. Isso não quer
dizer porém que os monstros não estejam presentes na história, pois eles estão,
no entanto, como é possível perceber logo no começo da leitura, os monstros não
existem por si só, mas são uma reação a algo que os antecede.
Claro
que também é possível fazer uma leitura mais superficial e ignorar isso. E
pensando assim tudo irá se encaixar e teremos uma história divertida de ler,
contudo, o mais interessante sobre o livro —
pelo menos pra mim — são as possibilidades interpretativas que ele
abre, e elas não estão escritas assim tão explicitamente. Por isso, não espere
ler um livro de terror, pois O menino que desenhava monstros não está
buscando te assustar, mas te fazer refletir sobre o medo.
Papai,
mamãe, filhinho... e os monstros
Holly
e Tim vivem com seu filho Jack Peter na costa do Maine desde o acidente que
quase causou a morte de JP há alguns anos. A família vem passando por alguns
momentos conturbados pois, desde o evento, o filho se tornou ainda mais recluso
devido a agorafobia, que além de criar o medo de sair de casa também agravou a
síndrome de Asperger do garoto, condição que lida desde a infância.
Essa
mudança comportamental do filho impactou no casamento, levando a um
distanciamento entre Holly e Tim, sendo que ao longo da narrativa é perceptível
que a doença do filho é tratada com um peso para os dois, como se o culpassem
pela impossibilidade de ter uma vida normal, como se ele fosse um peso que eles
precisam carregar. Tanto é assim que, não apenas JP mas, a própria família se
torna reclusa. A não ser pelos pais de Nicholas, único amigo de Jack, eles não
possuem contato com mais ninguém.
Essa
situação toda faz com que eles tenham uma certa “inveja” do casal de amigos,
não pelo que eles são, mas sim por terem uma vida mais leve, de modo que em
diversas passagens eles são pegos pensando no que a vida deles poderia ser sem
a doença. Um exemplo é o fato de Tim ter largado a faculdade para cuidar do
filho depois do diagnostico, o que fez com que ele arrumasse apenas trabalhos
que pudessem ser conciliados com sua rotina doméstica, tornando-o dependente do
salário da mulher.
Apesar
de ambos não saberem lidar com a doença do filho, porém, eles possuem uma visão
diferente da situação. De um lado, Holly, depois do acidente, passou a ter medo
do filho e a tentar evitar o contato com ele devido a algumas situações. Ela
não se sente mãe, não demonstra interesse por JP e olha para ele com
pessimismo. Por outro lado, Tim é otimista, ele acha que há uma melhora e que o
tempo irá ajudar o filho, algo que leva a discussões entre o casal, porque
enquanto ela sugere internação e outros métodos, ele se diz contra, e cada um
usa as atitudes do dia a dia para tentar reforçar seu ponto. Não bastasse isso,
no meio da coisa toda está Jack Peter, um garoto que vê o mundo de um modo
diferente de todos os outros e que, apesar de não compreender a situação da
mesma forma que seus pais, também sofre as consequências dela. Devido as suas
dificuldades de comunicação, ele acaba usando seus desenhos de monstros como
uma forma de se expressar.
Como você já deve ter
percebido, independentemente de haver elementos sobrenaturais na história ou
não, a vida de Jack e de sua família não é fácil e já existiria tema suficiente
para desenvolver uma boa história, entretanto já não bastasse todos os
problemas ainda há os monstros.
Não
olhe em baixo da cama
Devido à síndrome de
Asperger, Jack passa boa parte do seu tempo entretido em alguma atividade,
geralmente sozinho ou com seu amigo Nick, a única criança que tem contato.
Durante o período em que o livro se passa, os principais hobbies do
protagonista são brincar de guerra com soldadinhos e desenhar monstros, como se
o autor quisesse mostrar que independente do protagonista entender o assunto
dos adultos, o clima que permeia a casa levou ele a se expressar por meio de
suas brincadeiras: guerras e monstros.
A
presença de monstros ao longo da narrativa tem como principal objetivo
evidenciar os problemas já existentes na casa: eles são um reflexo não apenas
do presente, mas de situações mal resolvidas do passado. Não vou discutir se os
monstros são reais dentro da trama ou não, isso você vai da sua própria
leitura, porém, em ambas as interpretações eles são também simbólicos. Sabe
aquele negócio dos filmes de terror de ambientes conturbados atraírem espíritos
ruins? Tipo isso.
Pensado
por esse lado, é interessante ver a percepção dos monstros para cada um. Desde
o início, JP vai falar sobre os monstros que ele vê, mas, tirando Nick, ninguém
dá atenção, afinal ele é apenas uma criança que vive em seu próprio mundinho.
Já seus pais, apesar de presenciarem situações estranhas que não conseguem
explicar, em nenhum momento tentam escutar o filho. É como se os adultos
perdessem a sensibilidade para enfrentar os problemas, apenas ignorando-os, e a
criança tivesse que lidar com toda a situação sozinha — e a seu modo — enquanto
percebe que não há ninguém para ajudá-la, nem mesmo seus pais.
Essa
situação faz com que cada um acabe se isolando em seu próprio mundo: JP dia
após dia distraído com suas atividades solitárias e sendo bombardeado pelas
decepções dos pais; Holly focada no trabalho a evitar a família quando
possível; Tim passando seus dias como dono de casa, fazendo pequenos trabalhos
como caseiro e remoendo o passado do que poderia ou não ter sido; Nick lidando
com a falta de atenção e a bebedeira dos pais, os pais de Nick tentando superar
a perda de um filho, etc. Todos eles enfrentando monstros a sua maneira.
É
justamente no feriado de fim de ano, em que todos são obrigados a ficar juntos,
que os monstros irão sair do armário e de baixo da cama, seja para separar ou
unir cada um deles.
Branco,
frio, silencio
A
ambientação do livro é tão importante quanto os personagens e até mesmo a
historia porque, além de ser um dos principais condutores do leitor, também
acaba sendo uma forma de representar o clima que está em volta daquela família.
Por
se passar em uma cidade litorânea dos EUA, no mês de dezembro, já é possível
imaginar o cenário em que a historia se passa: a neve que deixa tudo branco e
nublado, dificultando ou impedindo as pessoas de saírem de casa, o frio
congelante e o silencio, não apenas pela menor circulação de pessoas na rua,
mas por ser uma cidade litorânea em que muitas casas são de veraneio, sendo
habitadas somente no verão. Ou seja, há um dialogo direto com o sentimento e os
relacionamentos entre os personagens. A frieza de Holly com o filho, o silêncio
que predomina na casa, o monocromatismo do branco que oculta as outras cores, a
nevoa que encobre a felicidade, etc. O clima acaba assumindo o papel de
personagem, ele é vivo e está em constante interação com os outros personagens.
Algo
interessante de notar é que o inverno vai predominar durante toda a leitura, o
único momento que vão falar do verão é sobre o dia em que houve o acidente com
os garotos, como se até aquele momento ainda houvesse felicidade apesar dos
problemas, mas após o evento o inverno chegasse e nunca mais saísse de suas
vidas.
Uma
coisa que permeou toda a leitura, talvez seja apenas uma interpretação minha,
foi o fato de que o afogamento das crianças não parece ser o principal elemento
para todo o conflito que existe nas famílias de Jack e Nick, embora tenha sido
necessário para trazer assuntos mal resolvidos do passado, colocando o problema
diante deles sem a possibilidade de escape.
Real
ou surreal?
A
narrativa caminha por duas direções que, apesar de conversarem entre si, podem
conduzir o leitor pra interpretações diferentes.
A
primeira, como pode ser visto logo no titulo, são os monstros. A narrativa vai
sendo construída devagar e apresentando os monstros, criando todo o clima de
terror e desenvolvendo o aspecto sobrenatural. Há um clima de mistério porque todos os personagens irão lidar com
monstros, mas sempre fica a duvida no ar, será que os monstros realmente
existem? As crianças sempre falam de monstros então automaticamente criamos uma
resistência em acreditar neles. Contudo, quando os adultos experienciam um
evento fora do comum, partimos pra uma explicação lógica, e buscamos formas de
resolver o mistério sem apelar pros monstros. O autor vai brincar com isso,
pois as criaturas sempre ficam nessa linha que divide o real com o imaginário,
nunca assumindo sua real concretude. Logo, uma leitura que ira dialogar
constantemente com os sobrenatural e que a principal questão a se resolver é:
esses monstros existem de fato? Se existem, quem eles são?
Numa
outra direção interpretativa, é possível fazer uma leitura mais “realista” e
nunca pensar nos monstros como monstros, mas sim como representações de todos
os problema e conflitos. Se você partir dessa visão é provável que chegue a
interpretações malucas sobre o livro, assim como eu cheguei, mas que nem por
isso fazem menos sentido que a “leitura sobrenatural”, já que o livro fornece
elementos pra isso. Assim como os monstros vão sendo apresentados aos poucos, a
partir de sugestões, o passados das personagens também, tal como um quebra
cabeça, a historia e o que há por trás daquela família vai se montando com cada
um deles fornecendo uma peça. Ao longo da narrativa, no entanto, vamos
percebendo que faltam certas peças e que existem determinadas lacunas as quais
impossibilitam o leitor de encontrar algumas informações que foram sugeridas mas
não confirmadas.
Por
mais que existam essas duas possibilidades de leitura, uma não exclui a outra e
sempre haverá a presença de uma ou outra no outro simultaneamente, tanto que o
desenvolvimento dos monstros e o desenvolvimento do passado vão ocorrendo juntos,
e um dá suporte para que o outro faça mais sentido.
Por
isso, leia sem tentar abraçar uma ideia específica. Deixe a leitura te conduzir
pelo litoral congelado do Maine, com monstros ou não.
Desenhando
monstros
[SPOILERS]
Bom,
já falei bastante sobre os monstros, traumas e problemas familiares presentes
no livro e como isso pode gerar percepções diferentes de acordo com o leitor,
então agora vou falar sobre algumas interpretações que eu encontrei — elas
estão certas? Provavelmente não, mas são leituras possíveis de se fazer. Se
você já leu e também viu algo incomum, deixe um comentário e vamos conversar.
Depois
que se termina o livro e se começa a repassar algumas passagens, podemos ver
coisas que durante a leitura passaram despercebidas. Diversas possibilidades
surgiram na minha cabeça e algumas delas se contradizem juntas, embora
separadas fizessem sentido. A principal delas, que permeou toda a leitura, foi
a possibilidade de Tim ser o pai de Nick, pois, em certa passagem, mostra-se
ele e a mãe de Nick tendo relações sexuais, além disso, também há uma passagem
que ele pensa algo como: “se eu tivesse seguido minha vida com sua mãe e fosse
pai do Nicholas a vida teria sido diferente.”
Diante
disso também é possível desenvolver uma outra teoria, que pode ou não se
relacionar com essa primeira, que é a morte de Nicholas. No fim do livro vamos
descobrir que Nick está morto mas que JP consegue mantê-lo vivo por meio de
seus desenhos, sendo que podemos pensar nisso pelo lado fantástico e ele
realmente estar vivo, embora não dê para descartar isso como um simbolismo em
que Nick morreu no acidente e ninguém conseguiu superar, continuando presente
ali para aquelas famílias, mostrando a dificuldade de superar a morte da
criança, etc. Não apenas isso, como também sabemos que os pais de Nicholas
perderam um filho. Sim, pode ser outra criança, mas também pode ser ele
próprio. Sendo assim, se Tim for de fato o pai de Nick, explicaria o motivo da
família estar mais devastada que o normal, não apenas por ele ser o pai mas
também por reavivar questões do passado, aumentando o atrito com Holly.
Considerei
ainda outras possibilidades e interpretações recentemente, mas elas precisam de
um pouco mais de imaginação, então não vou me alongar mais, mas estamos abertos
a discussões.
[/fim dos spoilers]
Devo
desenhar monstros?
Se
você leu até aqui, você deve ter percebido que sim, eu gostei do livro. Apesar
da história ser simples, ele tem um clima bem legal e permite diversas
abordagens mesmo com poucos elementos. Mas pelo que eu li em algumas resenhas,
muita gente não gostou, então eu recomendo pesquisar um pouco para saber se é o
tipo de livro que você gosta ou não.
O
que eu mais curti em todo o livro foi exatamente o que as pessoas que não
gostaram mais apontaram como “defeito”, que é a lentidão. O menino que
desenhava monstros é um livro devagar e de certo modo cansativo, porém não
digo isso no mal sentido. Tudo nele acontece aos poucos e não há muitas
passagens agitadas, não há grandes acontecimentos e os monstros mais criam
tensão na história que causam algum dano. Penso, entretanto, que tudo isso seja
necessário para ambientar não só a história, no entanto também aquele que esta
lendo. Por ser um livro muito visual, durante toda a leitura você se vê preso
naquela casa cercada de neve, sendo necessário sentir aquilo que os personagens
estão passando para que a leitura flua melhor.
O menino que desenhava monstros foi
cedido em parceria com a darkside books e foi uma grata surpresa, porque ele se
mostrou algo muito além da sinopse, que por si só já parecia interessante. Caso
tenha se interessado, vá correndo na livraria e compre sua a sua edição porque
ela ta bonitona, assim como todos os livros da darkside. Além de todo o
trabalho gráfico ao longo do livro, simulando riscos de canetinha, as ultimas
paginas são reservadas pra você desenhar os seus próprios monstros. Mas
cuidado, eles podem ter vida própria...
Uau! essa resenha está maravilhosa, completa, analisando todos os lados, os poréns. Posso pedir seu auxílio numa interpretação? Eu criei expectativas, falsas expectativas, pensei que a questão do Nick desenhar os monstros era pra 'conter' um mal maior que os estava espreitando, a questão dos náufragos, etc, pensei que era um blefe, sabe qdo vc espera mais? No fim ele que criou esses monstros pra atazanar o Nick, para vingar-se dele, pelo menos foi isso que eu entendi! Senti algumas pontas soltas. Tb gostei da sua teoria do Tim ser pai do Nick pq além do caso dele com a mulher tem tb uma parte q vendo os meninos juntos ele diz que parecem gêmeos, são parecidos. Li rápido demais, não peguei essa parte da morte do menino numa leitura paralela. Me escreva, se puder, queria juntar essas pontas soltas. analetras09@hotmail.com. Criei tanta expectativa com a história dos fantasmas q jurava que teria algo sobre isso p acalmar essas almas, criou-se isso aleatoriamente e depois n serviu de mta coisa, so uma válvula de escape p Holly
ResponderExcluirOlá Juliana, fico feliz que tenha gostado da resenha ;)
ExcluirSim, eu senti a mesma coisa que você, o livro deixa bastante ponta solta, e isso acho bom, pq abre diversas interpretações. Por mais discussão que tenha acho q não resolveremos todas as questões haha.
Eu também esperava algo completamente diferente no final, mas gostei de como acabou (alguns dias depois, pq na hora achei estranho acabar daquele jeito).
Então, eu não senti que os monstros eram só pra atazanar o Nick propositalmente, pra mim foi meio que uma reação aos contantes desenhos e acabou fugindo do controle.
Eu não entrei mto na questão do naufrago justamente por causa disso, o livro não dá material suficiente sobre a situação e não consegui formar uma opinião concreta. Mas uma das possíveis interpretações é de que a responsável pelos fantasmas seja a japonesa assistente do padre,talvez para manter aquela memoria viva, pq varias vezes ela fala que é igual ao Jack e que é capaz de entende-lo, e ela parece conhecer bem a situação, mas evita falar perto do padre. Mas é só uma especulação hahah
O livro é muito interessante! Fiquei muito surpresa no final, tive que reler várias vezes, pois queria compreender mais aquela situação do Jack explicando para sua mãe sobre os desenhos de Nick. Foi uma narrativa impressionante, cada página um ar de mistérios e supresas. Lendo a sua resenha, me fez abrir novas visões sobre a história. A relação de Tim ser o pai de Nick, havia pensado nessa probabilidade também. Na página 248 a mãe do Nick diz assim "Não vou aguentar perdê-lo. Pensamos que ele havia partido há três anos." A minha ficha começou a cair, mas queria ter essa confirmação no final da história, já estava imaginando que Nick esteve-se"morto" que tudo era imaginação do Jack, mas quando li o final da história fui me surpreendendo. Parabéns pela resenha.😉
ResponderExcluirOlá Andreza, é bem legal saber que a resenha ajudou a abrir novas suposições sobre a história.
ExcluirSim, eu também gostei muito da narrativa, porque o clima de estranhamento permanece do inicio ao fim. Faz um tempinho que li, mas lembro que teve um capitulo que mostra o Tim tendo algo com a mãe do Nick, então a partir desse momento eu comecei a desconfiar que havia algo estranho ali e que ele poderia ser pai dos 2, porque sempre havia uma certa tensão.
Esse evento do acidente parece ser a chave de toda a historia, pq sempre sentia que algo fica faltando quando era mencionado. Havia um misterio ali que não queriam revelar.
Brigado pelo comentario ;)