quarta-feira, 25 de maio de 2016

Literatura: Metzengerstein (Edgar Allan Poe)

  
O Café, depois de muito enrolar, trás aquele que é responsável por atormentar os sonhos de muita gente desde o século XIX. Sim, estamos falando do bigodinho mais famoso da literatura, do ídolo de toda aquela juventude perdida que fica no cemitério bebendo vinho barato em crânio de defunto, do pai do terror e do mistério e da pessoa fofa que ama seu gatinho e passarinho de estimação, Sr. Edgar Allan Poe.
O conto impronunciável que abordaremos hoje tem briguinha entre famílias, um cavalo sinistro e um pouco de fogo. Então chame seu gato preto e venha conversar sobre Metzengerstein com a gente.



*No inicio do ano a Anna Costa lançou o desafio #12MesesDePoe em seu blog, em que selecionou 12 contos do autor para que as pessoas lessem um conto por mês e pudessem discutir sobre. O Café pretendia ter entrado antes nessa brincadeira do mal, mas devido ao problema com os zumbis, a nossa geladeira assassina e outros contratempos acabamos atrasando. Entretanto, nunca é tarde para ler e discutir Poe, então mesmo quase meio ano atrasados, vamos encabeçar a leitura e abordar os contos selecionados (e outros) para dar nossa opinião "cafécontripaniana" sobre os escritos do tio Ed.

“Horror e fatalidade têm sido uma constante em todas as idades. Por isso mesmo não preciso dizer a data em que ocorreu a história que vou contar. Basta dizer que, na época de que falo, havia, no interior da Hungria, uma crença firme, se bem que disfarçada, nas doutrinas da mentempsicose. Se essas doutrinas são falsas ou verdadeiras, nada digo. Afirmo, porém, que grande parte de nossa incredulidade corre por conta de não podermos estar sozinhos. São muitos os que creem e também muitos os que negam.”

Titulo original: Metzengerstein
Autor: Edgar Allan Poe
Ano: 1832
Lido em: Histórias extraordinárias 
(Saraiva de bolso)
Paginas: 7
            O conto aborda a rivalidade existente entre duas famílias tradicionais da Hungria: Os Berlifitzing e os Metzengerstein. A desavença entre as duas casas se estendia a diversos âmbitos, principalmente à politica, sendo tanto uma quanto a outra tinham o apoio da população em suas atividades:parte da população se identificava com a tradição e riqueza dos “Metzen”, enquanto outra preferia os “Berli”, que eram uma família menos rica e tradicional. Essa desavença fez com surgisse uma profecia a respeito das duas casas:
            – “Um nome ilustre sofrerá terrível queda quando, como o cavaleiro em seu cavalo, a imortalidade de Metzengerstein triunfar sobre a mortalidade de Berlifitzing”.
            Apesar da grande importância desses dois nomes, pelo que se pode perceber pelo conto, ambas as famílias estavam próximas ao fim. Havia apenas um herdeiro em cada uma das casas. O herdeiro dos Berlifitzing era Wilhelm um conde velho e doente que, mesmo com a saúde debilitada, não se afastava da sua maior paixão: os cavalos e a caça. Já o herdeiro dos Metzengerstein era Frederick, um jovem barão de apenas 18 anos que se mostrou um tirano libertino após herdar todos os bens da família, incluindo suas luxuosas propriedades, após a morte de seus pais.
            Tendo a rixa das duas famílias como plano de fundo, a historia vai se desenvolver a partir de um incêndio que ocorre no estabulo do castelo de Wilhelm e a principal suspeita acaba caindo sobre Frederick.

Folclore?

            O conto é desenvolvido em terceira pessoa por um narrador que, apesar de não revelar a data dos acontecimentos, parece estar contando uma história que ocorreu no passado, dando a sensação de que ele está falando sobre uma história regional que ele escutou durante a vida e se tornou simbólica, um folclore local. Isso ocorre pois, logo no primeiro paragrafo, ele diz que prefere não comentar se a história é verdadeira ou não, mas é notável que há uma crença do narrador naquilo que ele conta, mesmo que ele prefira não dar opinião para não ser julgado por aquele que lê.
            Dito isso, assim como todos os folclores e lendas, há algo de sobrenatural na narrativa. O próprio título do conto induz o leitor a pensar no mítico, tendo em vista que Metzengerstein faz referencia a metempsicose que é a teoria da migração da alma de um corpo para outro, não necessariamente humano. Sendo assim, apesar de a historia apresentar um lado fantástico, ele deixa a duvida: houve de fato ações sobrenaturais, ou os eventos com ambas as famílias foram naturais, e tudo não passa de uma mitologia que se formou com o tempo para explicar o desfecho da rivalidade?

Poecoto Poecoto Poecoto

            Metzengerstein é um conto bem curto, com cerca de 5 paginas (dependendo da edição), mas que consegue ser bem eficiente no que se propõe. Apesar de ter uma linguagem bem característica, ele é fácil de ler e compreender, embora possa causar um certo estranhamento no início caso não esteja familiarizado com Poe e outros autores mais antigos.
            A historia é contada de maneira superficial, entretanto isso não é um defeito, pois é exatamente essa superficialidade que cria a sensação de dúvida perante o narrador.
            Metzengerstein pode não ser o melhor conto do autor, mas não deixa de ser indispensável pra qualquer um que se interesse por ele.

2 comentários:

  1. AAAAAAAHHHHHHHH você entrou pro culto! Tô feliz demais, que máximo ter você com a gente! <3

    Menino eu adorei tua resenha, ri demais nas abreviações e nos pocotós, e óbvio além das brincadeiras você explorou bem o conto, fez resenha do jeito que eu amo! Vou divulgar lá na página ok? Abraços!

    Meu blog
    Desafio de leitura #12mesesdepoe

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    Respostas
    1. Eu acompanho o desafio logo que começou, se não me engano essa resenha ta pronta desde fevereiro. Mas acabamos nos enrolando com o blog, e acabou que só conseguimos postar agora. Depois vou postando as outras, vamos ver se conseguimos colocar em dia hahaha

      Brigado, fico feliz que tenha gostado ;)

      Eu até ia postar no grupo do face mas achei q estamos um pouquinho atrasados hahah

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