O
Café, depois de muito enrolar, trás aquele que é responsável por atormentar os
sonhos de muita gente desde o século XIX. Sim, estamos falando do bigodinho
mais famoso da literatura, do ídolo de toda aquela juventude perdida que fica
no cemitério bebendo vinho barato em crânio de defunto, do pai do terror e do mistério
e da pessoa fofa que ama seu gatinho e passarinho de estimação, Sr. Edgar Allan
Poe.
O conto impronunciável que abordaremos hoje tem briguinha entre famílias, um cavalo sinistro e um pouco de fogo. Então chame seu gato preto e venha conversar sobre Metzengerstein com a gente.
*No inicio do ano a Anna Costa lançou o desafio #12MesesDePoe em seu blog, em que selecionou 12 contos do autor para que as pessoas lessem um conto por mês e pudessem discutir sobre. O Café pretendia ter entrado antes nessa brincadeira do mal, mas devido ao problema com os zumbis, a nossa geladeira assassina e outros contratempos acabamos atrasando. Entretanto, nunca é tarde para ler e discutir Poe, então mesmo quase meio ano atrasados, vamos encabeçar a leitura e abordar os contos selecionados (e outros) para dar nossa opinião "cafécontripaniana" sobre os escritos do tio Ed.
“Horror
e fatalidade têm sido uma constante em todas as idades. Por isso mesmo não
preciso dizer a data em que ocorreu a história que vou contar. Basta dizer que,
na época de que falo, havia, no interior da Hungria, uma crença firme, se bem
que disfarçada, nas doutrinas da mentempsicose. Se essas doutrinas são falsas
ou verdadeiras, nada digo. Afirmo, porém, que grande parte de nossa
incredulidade corre por conta de não podermos estar sozinhos. São muitos os que
creem e também muitos os que negam.”
Titulo original: Metzengerstein
Autor: Edgar Allan Poe
Ano: 1832
Lido em: Histórias extraordinárias
(Saraiva de bolso)
Paginas: 7
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O conto aborda a rivalidade
existente entre duas famílias tradicionais da Hungria: Os Berlifitzing e os
Metzengerstein. A desavença entre as duas casas se estendia a diversos âmbitos,
principalmente à politica, sendo tanto uma quanto a outra tinham o apoio da
população em suas atividades:parte da população se identificava com a tradição
e riqueza dos “Metzen”, enquanto outra preferia os “Berli”, que eram uma
família menos rica e tradicional. Essa desavença fez com surgisse uma profecia
a respeito das duas casas:
– “Um nome ilustre sofrerá terrível
queda quando, como o cavaleiro em seu cavalo, a imortalidade de Metzengerstein
triunfar sobre a mortalidade de Berlifitzing”.
Apesar da grande importância desses
dois nomes, pelo que se pode perceber pelo conto, ambas as famílias estavam
próximas ao fim. Havia apenas um herdeiro em cada uma das casas. O herdeiro dos
Berlifitzing era Wilhelm um conde velho e doente que, mesmo com a saúde
debilitada, não se afastava da sua maior paixão: os cavalos e a caça. Já o
herdeiro dos Metzengerstein era Frederick, um jovem barão de apenas 18 anos que
se mostrou um tirano libertino após herdar todos os bens da família, incluindo
suas luxuosas propriedades, após a morte de seus pais.
Tendo a rixa das duas famílias como
plano de fundo, a historia vai se desenvolver a partir de um incêndio que
ocorre no estabulo do castelo de Wilhelm e a principal suspeita acaba caindo
sobre Frederick.
Folclore?
O conto é desenvolvido em terceira
pessoa por um narrador que, apesar de não revelar a data dos acontecimentos,
parece estar contando uma história que ocorreu no passado, dando a sensação de
que ele está falando sobre uma história regional que ele escutou durante a vida
e se tornou simbólica, um folclore local. Isso ocorre pois, logo no primeiro
paragrafo, ele diz que prefere não comentar se a história é verdadeira ou não,
mas é notável que há uma crença do narrador naquilo que ele conta, mesmo que
ele prefira não dar opinião para não ser julgado por aquele que lê.
Dito isso, assim como todos os
folclores e lendas, há algo de sobrenatural na narrativa. O próprio título do
conto induz o leitor a pensar no mítico, tendo em vista que Metzengerstein
faz referencia a metempsicose que é a teoria da migração da alma de um corpo
para outro, não necessariamente humano. Sendo assim, apesar de a historia
apresentar um lado fantástico, ele deixa a duvida: houve de fato ações
sobrenaturais, ou os eventos com ambas as famílias foram naturais, e tudo não
passa de uma mitologia que se formou com o tempo para explicar o desfecho da
rivalidade?
Poecoto Poecoto Poecoto
Metzengerstein é um conto bem
curto, com cerca de 5 paginas (dependendo da edição), mas que consegue ser bem
eficiente no que se propõe. Apesar de ter uma linguagem bem característica, ele
é fácil de ler e compreender, embora possa causar um certo estranhamento no
início caso não esteja familiarizado com Poe e outros autores mais antigos.
A historia é contada de maneira
superficial, entretanto isso não é um defeito, pois é exatamente essa
superficialidade que cria a sensação de dúvida perante o narrador.
Metzengerstein pode
não ser o melhor conto do autor, mas não deixa de ser indispensável pra
qualquer um que se interesse por ele.
AAAAAAAHHHHHHHH você entrou pro culto! Tô feliz demais, que máximo ter você com a gente! <3
ResponderExcluirMenino eu adorei tua resenha, ri demais nas abreviações e nos pocotós, e óbvio além das brincadeiras você explorou bem o conto, fez resenha do jeito que eu amo! Vou divulgar lá na página ok? Abraços!
Meu blog
Desafio de leitura #12mesesdepoe
Eu acompanho o desafio logo que começou, se não me engano essa resenha ta pronta desde fevereiro. Mas acabamos nos enrolando com o blog, e acabou que só conseguimos postar agora. Depois vou postando as outras, vamos ver se conseguimos colocar em dia hahaha
ExcluirBrigado, fico feliz que tenha gostado ;)
Eu até ia postar no grupo do face mas achei q estamos um pouquinho atrasados hahah