Hoje completam 36 anos da morte de
uma das pessoas mais importantes, peculiares e icônicas do rock. Então pra
homenagear a sua breve, mas impactante, carreira e vida, coloque o Unknown pleasures na sua vitrolinha e
venha fazer a dancinha do Ian Curtis junto com a gente.
“E foi por isso que, quando o
perdemos, tudo ficou tão difícil. Era como dirigir um carro ótimo que só tinha
três rodas. A perda de Ian abriu um buraco em nós e tivemos que aprender a compor
de uma forma diferente. Foi difícil aquele período, no comecinho do New Order,
e de repente nos pareceu muito difícil ajustar-nos. Sentíamos como se nos
tivessem trapaceado. Tinha sido tão fácil, tão bom quando éramos nós quatro.
Éramos tão coesos como grupo que metade do tempo sequer usávamos um gravador.
Não precisávamos. Tivemos um ou outro, mas eles nunca duravam e tinham
qualidade tão ruim que eram praticamente inúteis. Mas não importava, porque
podíamos fazer a maior parte das coisas de cabeça. Tudo até Unknown Pleasures,
inclusive, realmente só existia quando nós quatro estávamos juntos em uma sala
tocando. Não estava escrito, não estava gravado, só na memoria.”
Titulo
original: Unknown Pleasures
Autor: Peter
Hook
Ano: 2013
Editora: Seoman
Paginas: 392
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Peter Hook conta de uma maneira leve
e divertida a história de uma das mais influentes bandas do pós-punk. Focando na
curta história do grupo, mas sem deixar de fazer sua breve biografia, em que
conta sobre a infância e os problemas em que se envolveu antes de começar a
tocar, Hook narra, de uma perspectiva interna, desde o desejo de montar uma
banda até a morte de Ian Curtis e, consequentemente, o fim do Joy Division.
Disorder
Apesar de citar momentos de sua vida
pessoal e do New Order, o foco do livro é o Joy Division e a contextualização
da época em que a banda estava. Através dos olhos do autor, vamos entrando e
compreendendo o movimento musical da Manchester dos anos 70 e todos os fatores
que influenciaram aqueles garotos a montarem uma banda e, também, como foi o
processo que começassem a se tornar conhecidos.
O mais interessante da biografia é
conhecer e compreender melhor os personagens e quebrar algumas ideias
preconcebidas dos mesmos. Apesar da qualidade e do talento, os integrantes não
deixavam de ser adolescentes inconsequentes que estavam atrás de diversão,
sendo interessante notar as mudanças pelas quais o grupo vai passando até que
se tornassem o que foram.
A princípio, Peter Hook e Bernard
Sumner eram apenas dois adolescentes que ficaram fascinados ao verem os Sex
Pistols pela primeira vez e que quiseram fazer parecido, mesmo sem saber exatamente
como, pois ainda não eram músicos. É a partir disso que eles se juntam, vão
atrás de um baterista e um vocalista e começam tentar realizar seu sonho. Essaé
uma historia como muitas outras. Pelo menos no início.
Aliás, é notável a importância que o
Pistols tem não só pro Joy Division mas para a musica da época de maneira
geral. Em certo momento do livro Hook fala que sempre gostou de outras brandas
como Zeppelin e o Purple, entretanto, eles eram vistos como algo além. Já o Sex
Pistols era mais humano e palpável, pertencentes à classe trabalhadora assim
como Peter e Bernard. Por isso, eles tinham uma ligação mais próxima com a
banda, como se também pudessem fazer o mesmo que ela.
Insight
Todo o livro é narrado de forma bem
casual, como se Peter fosse um amigo e tivesse te contando uma história e, ao
longo da narrativa, parasse para contar casos que ocorreram. Mesmo que o Joy
Division seja vista como uma banda triste e com um final trágico, o livro
mostra que também há um outro lado. Durante grande parte dos livros eu me
peguei rindo das situações engraçadas pelas quais os músicos passaram: a
implicância que as pessoas sempre tiveram achando que seus integrantes eram
nazistas, a inocência deles com o merchan de produtos, ou até mesmo a
rivalidade que tiveram e pegadinhas que eles fizeram com outras bandas. O autor
conta um poucoa respeitodo processo de gravação dos álbuns, das turnês que
fizeram com as outras bandas, conflitos internos, etc.
He's lost control
Quase todas as produções sobre Joy Division
acabam focando mais na figura do Ian Curtis e deixando o grupo meio de lado, ao
passo que em Unknown Pleasures há uma visão mais geral sobre o que ocorria com
a banda. O autor apresenta uma visão mais humana de Ian, mostrando seu desejo
de sempre agradar os outros, a sua teimosia com a doença, os problemas que ele
tinha com a mulher, o seu lado divertido, as brigas e coisas assim. Ao longo do
livro, Hook também tenta compreender os motivos que levaram o amigo ao suicídio
e, também, como ele poderia ter ajudado e evitado a morte de Ian.
Por tudo isso, Unknown Pleasures é
um livro obrigatório para qualquer pessoa que goste de Joy Division e se
interesse pela cena punk inglesa dos anos 70. Mesmo com uma história curta, a banda passou por
diversas situações que merecem ser conhecidas. Além da biografia em si, o livro
também conta com uma linha do tempo no fim de cada capitulo e um faixa a faixa,
dos dois cds, comentado pelo autor.
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