sábado, 21 de maio de 2016

Literatura: Joy Division - Unknown Pleasures (Peter Hook)


            Hoje completam 36 anos da morte de uma das pessoas mais importantes, peculiares e icônicas do rock. Então pra homenagear a sua breve, mas impactante, carreira e vida, coloque o Unknown pleasures na sua vitrolinha e venha fazer a dancinha do Ian Curtis junto com a gente.



            “E foi por isso que, quando o perdemos, tudo ficou tão difícil. Era como dirigir um carro ótimo que só tinha três rodas. A perda de Ian abriu um buraco em nós e tivemos que aprender a compor de uma forma diferente. Foi difícil aquele período, no comecinho do New Order, e de repente nos pareceu muito difícil ajustar-nos. Sentíamos como se nos tivessem trapaceado. Tinha sido tão fácil, tão bom quando éramos nós quatro. Éramos tão coesos como grupo que metade do tempo sequer usávamos um gravador. Não precisávamos. Tivemos um ou outro, mas eles nunca duravam e tinham qualidade tão ruim que eram praticamente inúteis. Mas não importava, porque podíamos fazer a maior parte das coisas de cabeça. Tudo até Unknown Pleasures, inclusive, realmente só existia quando nós quatro estávamos juntos em uma sala tocando. Não estava escrito, não estava gravado, só na memoria.

Titulo original: Unknown Pleasures
Autor: Peter Hook
Ano: 2013
Editora: Seoman
Paginas: 392
            Peter Hook conta de uma maneira leve e divertida a história de uma das mais influentes bandas do pós-punk. Focando na curta história do grupo, mas sem deixar de fazer sua breve biografia, em que conta sobre a infância e os problemas em que se envolveu antes de começar a tocar, Hook narra, de uma perspectiva interna, desde o desejo de montar uma banda até a morte de Ian Curtis e, consequentemente, o fim do Joy Division.

Disorder

            Apesar de citar momentos de sua vida pessoal e do New Order, o foco do livro é o Joy Division e a contextualização da época em que a banda estava. Através dos olhos do autor, vamos entrando e compreendendo o movimento musical da Manchester dos anos 70 e todos os fatores que influenciaram aqueles garotos a montarem uma banda e, também, como foi o processo que começassem a se tornar conhecidos.
            O mais interessante da biografia é conhecer e compreender melhor os personagens e quebrar algumas ideias preconcebidas dos mesmos. Apesar da qualidade e do talento, os integrantes não deixavam de ser adolescentes inconsequentes que estavam atrás de diversão, sendo interessante notar as mudanças pelas quais o grupo vai passando até que se tornassem o que foram.
            A princípio, Peter Hook e Bernard Sumner eram apenas dois adolescentes que ficaram fascinados ao verem os Sex Pistols pela primeira vez e que quiseram fazer parecido, mesmo sem saber exatamente como, pois ainda não eram músicos. É a partir disso que eles se juntam, vão atrás de um baterista e um vocalista e começam tentar realizar seu sonho. Essaé uma historia como muitas outras. Pelo menos no início.
            Aliás, é notável a importância que o Pistols tem não só pro Joy Division mas para a musica da época de maneira geral. Em certo momento do livro Hook fala que sempre gostou de outras brandas como Zeppelin e o Purple, entretanto, eles eram vistos como algo além. Já o Sex Pistols era mais humano e palpável, pertencentes à classe trabalhadora assim como Peter e Bernard. Por isso, eles tinham uma ligação mais próxima com a banda, como se também pudessem fazer o mesmo que ela.

Insight

            Todo o livro é narrado de forma bem casual, como se Peter fosse um amigo e tivesse te contando uma história e, ao longo da narrativa, parasse para contar casos que ocorreram. Mesmo que o Joy Division seja vista como uma banda triste e com um final trágico, o livro mostra que também há um outro lado. Durante grande parte dos livros eu me peguei rindo das situações engraçadas pelas quais os músicos passaram: a implicância que as pessoas sempre tiveram achando que seus integrantes eram nazistas, a inocência deles com o merchan de produtos, ou até mesmo a rivalidade que tiveram e pegadinhas que eles fizeram com outras bandas. O autor conta um poucoa respeitodo processo de gravação dos álbuns, das turnês que fizeram com as outras bandas, conflitos internos, etc.

He's lost control 

             Quase todas as produções sobre Joy Division acabam focando mais na figura do Ian Curtis e deixando o grupo meio de lado, ao passo que em Unknown Pleasures há uma visão mais geral sobre o que ocorria com a banda. O autor apresenta uma visão mais humana de Ian, mostrando seu desejo de sempre agradar os outros, a sua teimosia com a doença, os problemas que ele tinha com a mulher, o seu lado divertido, as brigas e coisas assim. Ao longo do livro, Hook também tenta compreender os motivos que levaram o amigo ao suicídio e, também, como ele poderia ter ajudado e evitado a morte de Ian.
            Por tudo isso, Unknown Pleasures é um livro obrigatório para qualquer pessoa que goste de Joy Division e se interesse pela cena punk inglesa dos anos 70. Mesmo  com uma história curta, a banda passou por diversas situações que merecem ser conhecidas. Além da biografia em si, o livro também conta com uma linha do tempo no fim de cada capitulo e um faixa a faixa, dos dois cds, comentado pelo autor.

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