Você é daqueles/as que gostam de
conhecer novos bares, descobrir novos ambientes pra curtir a noite com os
amigos? Gosta de frequentar lugares diferentes com pessoas legais pra sair da
rotina? Prefere ir a lugares alternativos, mesmo que não seja dos mais agradáveis,
porque não suportas a festinhas em que todas as pessoas comuns vão?
Então, hoje o Café apresenta uma nova “balada” para
curtir com seus amigos. Banda ao vivo, muitas bebidas, dançarinas boazudas,
brigas de bar, jogos de baralho e...
VAMPIROS.
Prepare
seu colar de alho, ajeite seu crucifixo, coloque a agua benta ao alcance de
suas mãos, afie suas estacas, porque hoje nós vamos tomar um drink no inferno!
Título original: From dusk till down
Lançamento: 1996 (EUA)
Duração: 108 minutos
Direção: Robert Rodriguez
Duração: 108 minutos
Direção: Robert Rodriguez
Bora virar umas tequilas no Titty Twister
Dois irmãos, Seth e Richard Gecko,
fugitivos da policia norte-americana, precisam chegar num bar do outro lado da
fronteira para fazer uma grande transação. Deixando trilhas de sangue por onde
passam, eles sequestram uma família (um pai e seus dois filhos) para conseguir
atravessar a fronteira mexicana. Porém, chegando no “Titty Twister” (local combinado)
eles estão prestes a tomar um drink no inferno.
Rule
number one: No noise, no question. You make a noise... Mr. 44 makes a noise.
O filme pode ser dividido em duas partes:
antes de atravessar a fronteira e depois de atravessar a fronteira. Digo que
pode ser dividido em dois, pois se o filme tomasse um rumo completamente
diferente depois da fronteira não estranhariamos nem um pouco, e se o filme começasse
diretamente da segunda parte também seria compreesivel (apenar de não termos
personagens desenvolvidos, coisa muito normal em cinema trash).
Essa
primeira parte temos um filme de ação com pitadas tarantinescas sem saber
exatamente onde o filme quer levar após a fronteira, ele vai matar a família?
Vão ser pegos pela policia? Vão fazer a transação e todo mundo vive feliz pra
sempre? A questão, eu acho, é que esse é um tipo de filme que a sinopse e a
capa estragam um pouco a experiência. Se o assistirmos sem escutar nada sobre
ele, até metade do filme, mais ou menos, não imaginaríamos que se trata de uma
história sobre vampiros.
Na
primeira parte temos um foco nos irmãos Gecko, na qual somos apresentados aos
personagens e suas histórias. Apesar de irmãos, Seth e Richie são bem
diferentes entre si; Seth é uma pessoa mais controlada, segundo ele mesmo, “é
um profissional”, só mata quando necessário; já Rich é sádico, pervertido e
nitidamente perturbado, não liga em deixar trilhas de Tripas por onde passa. Richie
e Seth precisam atravessar a fronteira, mas como são criminosos procurados por
diversos crimes não podem simplesmente atravessar, então para conseguir entrar
no México sequestram uma família que acabou de comprar um trailer, com o
objetivo de viajar e sair um pouco da rotina para ajudar a superar a morte da
mãe. Tanto a família quanto os irmãos estão passando por problemas, a travessia
da fronteira representa certa esperança pra ambos: os irmãos pegam a grana e se
livram da policia estadunidense e a família se livra dos bandidos e podem
voltar pra sua viagem, entretanto, isso tudo é apenas uma ilusão.
Come on, you want pussy, come on in, pussy lovers!
Porém,
na segunda parte a história muda bastante de foco, e a sobrevivência toma o
lugar da fuga. Com os personagens já desenvolvidos, jogamos o roteiro de lado e
pegamos os baldes de sangue. Assim que os personagens entram no Titty twist
sabemos que algo vai acontecer naquele local, afinal temos ali o Danny Trejo, e
Trejo é sinonimo de confusão.
Daí
pra frente o bar vai ser, praticamente, o único cenario do resto do filme.
Começamos a perceber uma mudança no comportamento dos personagens, os irmãos
passam a ficar mais amigaveis e a familia começa a interagir melhor com os
bandidos. País novo vida nova? Talvez.
O
fato é que tudo estava bom de mais pra ser verdade: os irmãos além da fronteira
prestes a pegar uma boa grana, a familia quase se livrando dos bandidos e todo
mundo “comemorando” com musica ao vivo e álcool... Afinal, o que seria
comemorar sem alcool? Mas, enfim... A questão é que: se as coisas tão boas,
vamos tacar um monte de vampiros e foder com tudo.
A
primeira parte, apesar das piadinhas, parece construir um filme sério, mas a
segunda desanda totalmente. Strippers vampiras, um cara com uma pistola na
virilha que simula uma piroca, brigas de bar, gente gritando “pussy” pra tudo
que é lado, etc.
Quer
dizer que o filme fica ruim? Sim, mas no bom sentido, deixamos o realismo e a
história de lado e mergulhamos no Trash tão adorado pelos cafeinados
apreciadores de Tripas.
Sangue, tequila, peitos e
vampiros
Uma
das coisas interessantes (ou não) nos filmes sobre vampiros é que, apesar de
manterem umas características padrões (estacas, não pode ficar exposto ao sol, repulsa
a cruz, agua benta e etc.), cada um trabalha o conceito de vampiro como quiser.
Filmes como “Entrevista com o vampiro” e “Rainha dos condenados” tem
sanguessugas sensuais e galanteadores; filmes como “Nosferatu” tem monstros
feios; em “Lost Boys” há vampiros aparentemente normais que, quando “ameaçados”,
mudam de aparência, e assim por diante.
Já
em “From dusk till down” os vampiros possuem aparências normais (algumas
vampiras... ahhhh, meu deus), mas que se transformam e mudam de aparência. A
stripper vampira (que parece ser a mais forte) assume uma pele como de um
lagarto, enquanto os outros apenas ficam feios pra cacete.
A
segunda parte, se resume a um filme trash bem feito, compensa todo o desmembramento,
brigas, latinos badass, sangue e bizarrices que são escassos na primeira parte.
Há ali um intenso conflito dos personagens com os vampiros, o que significa
porrada, sangue, fogo, tiros e ação. (Vale à pena prestar
atenção na banda que toca no bar, Tito & Tarantula, que, assim que todo mundo
começa a virar vampiro, passa a tocar instrumentos feitos de pedaços humanos).
What's
your name, girlie? Kate. What's yours? Sex Machine. Pleased to meet you, Kate.
Algo que pode passer despercebido mas é interessante é o momento no qual os sobreviventes estão limpando o salão (enfiando estacas em todos que estão no chão pra ter certeza que estão mortos). Tom Savini sai com sua estaca enfiando em tudo que encontra (não pense besteira amiguinho/a), enquanto a jovem não consegue agir, ficando naquele “enfio ou não enfio a estaca?”. Talvez isso esteja relacionado com sua formação cristã, já que seu pai era um pastor, e qualquer forma de violencia seria um pecado, mesmo com o diferente. Entretanto, no primeiro momento no qual o vampiro se meche, ela não hesita em atravessar o coração do vampirão. Fica a pergunta: somos cristãos até o momento que convem? Perante qualquer ameaça esquecemos os ensinamentos de Gizuis e agimos a nosso favor?
So
what are you, Jacob? A faithless preacher? Or a mean motherfuckin' servant of
God?
Na primeira parte do filme sabemos que
Jacob (o pai da família) era um pastor, mas que, logo depois da morte da esposa,
passou a questionar a própria fé. Inclusive, em certo momento, sua filha
pergunta algo como “Você ainda acredita em Deus?” e ele responde: “Sim,
acredito. Mas se o amo? Não”.
Isso abre diversas questões, será
que Deus é tão justo quanto as pessoas falam ou esperam que ele seja? Se sempre
fui fiel a ele e ele tira aquela que amo de mim, qual a razão de eu manter
minha fé?
Uma
coisa que sempre achei estranha é que para os religiosos não importa se
acontece algo bom ou ruim, sempre foi um ato inteligente de Deus, nunca uma
ação estúpida humana. Se alguem ganha um prêmio agradecem a Deus, mesmo o cara
tendo ralado que nem um filho da puta pra conseguir aquilo; se uma tragédia
ocorre, dizem que foi um ato planejado de Deus. Será que nunca ninguem
questiona isso? Será que ele realmenente sabe o que faz?
Voltando ao filme, na segunda parte os
questionamentos continuam. Os personagens falam “não acredito em vampiros, mas
acredito no que vi”, isso não seria algo contraditório? Eles acabaram de ser
atacados por vampiros mas ainda dizem “não acreditar”, sendo que, pelo menos o
padre, sempre acreditou em algo que nunca viu. Muitas vezes, as pessoas
religiosas acabam sendo mais “céticas” que ateus, acreditam apenas naquilo que
querem, mas ignoram tudo aquilo que está em volta dela e que pode ser visto.
Por
outro lado, também podemos ver uma certa hipocrisia ateista, aquela história de
“todo mundo é ateu... até a menstruação atrasar”. Quando todos param e decidem
pensar na melhor maneira de agir, Seth diz que o pastor é a melhor arma por ser
um servo de Deus, mesmo tendo perdido a fé, ele é a unica pessoa que pode
ajudar, mesmo Seth dizendo que até meia hora atrás está pouco se fudendo pra
Deus, ou seja, não acredito, mas por via das duvidas vamos tentar pedir pra
Deus, né?
Podemos interpretar esse resgate de
fé do pastor de duas maneiras: 1) por mais que você fuja de Deus, ele sempre
vai estar no seu caminho pra testar sua fé. 2) a agua tá batendo na bunda, vamo
apela pra divindade.
Mas... Foda-se nossa fé, queremos
mais sangue!
Devo tomar um drink no inferno, from dusk
till down?
Com
certeza, nada melhor que a combinação peitcholas, tequila e sangue, não é mesmo?
O
filme é dirigido pelo Robert Rodriguez e produzido pelo Tarantino, dois badass
do cinema “atual”. No elenco temos George Clooney e Tarantino como personagens
principais, mas também temos Danny Trejo, Tom Savini, Juliette Lewis, entre
outros. A trilha sonora é fantástica, temos Tito & Tarantula tocando no bar
durante o show. A fotografia é muito boa, o cenário do bar combina
perfeitamente com o clima do filme. Apesar de ser um filme da decada de 90, ele
tem clima de filme dos anos 80, com todo aquele exagero que tanto adoramos.
Se
você ainda não assistiu, reuna seus amigos, compre umas garrafas de tequila,
coloque um colar de alhos e vá tomar um drink no inferno agora mesmo.
Trailer:
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