Como
muitos já sabem ontem, sexta-feira, estreou “Batman – Cavaleiro das trevas
ressurge” nos cinemas brasileiros, com isso, o Café com Tripas
decidiu fazer uma homenagem ao homem morcego.
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Quer dizer que essa semana vocês vão deixar de lado os filmes trashs e falar de
Batman?
Claro que não, amiguinho, falaremos
dos dois. Hoje falaremos sobre o melhor filme do Batman já feito. Nolan e Bale
que nos desculpem, mas é Adam West que manda por aqui.
Assim, sente-se em sua Bat-Cadeira,
pegue sua Bat-Pipoca e leia nossa Bat-resenha.
Título original: Batman
Lançamento: 1966
Duração: 105 minutos
Direção: Leslie H. Martinson
Direção: Leslie H. Martinson
"Batman, o Homem-Morcego"
O tempo e a transformação do herói
Passando pela Gothan dark de Tim
Burton, pela carnavalesca de Joel Schumacher e pela realista de Christopher
Nolan, o Café revive a Gothan de 1966, aquela com um Batman fora de
forma, com um Robin que faz incriveis deduções e com as situações mais
“non-senses” que você poderia ver em um filme de super-heróis, em que o Batman
e seus inimigos possuem um único objetivo, divertir.
Bat-História
Os quatro maiores vilões de Gothan City
(Coringa, Pinguim, Charada e Mulher-Gato) se unem em um plano maléfico para pegar
o Homem-Morcego e dominar o mundo.
Santa sardinha, Batman
Já começamos o filme com um
agradecimento dos produtores a todos os inimigos do crime, devido ao seu
exemplo e inspiração que dão as pessoas. Além daqueles que combatem o crime,
também agradecem aos amantes da aventura, do entretenimento, do ridiculo e do
bizarro.
Sim,
amigos, também senti isso, esse filme foi feito pra gente.
A história se inicia com Batman e
Robin recebendo um telefonema anônimo que lhe informa sobre um barco que conteria
uma invenção importantíssima para Gothan, além disso, tanto a invenção quanto o
inventor estariam correndo perigo. Com isso, nossa dupla de Heróis - que
estavam fazendo um passeio tranquilo de carro - voltam para a Batcaverna
(lotada de “computadores” que juntos não devem ser metade do celular que você
carrega no bolso). Nela, se vestem, pegam o Batmovel, se locomovem até o
aeroporto pra pegar o Bat-Cóptero (que não passa de um helicoptero meia-boca
decorado com asas) e vão atrás da missão misteriosa. E sim, o helicóptero do
Batman fica no aeroporto.
Sobrevoando o oceano, eles avistam o
tal navio, porém, quando Batman está descendo sua Bat-Escada (uma escada de
cordinha e madeira comum) para adentrar o návio, ele misteriosamente desaparece.
Um tubarão surge e morde a perna do nosso herói, contudo, tenha calma,
amiguinho, esse foi um imprevisto para o qual nosso homem-morcego estava
preparado, pois em seu helicopete ele sempre carrega um “Bat-Repelente de tubarões”...
Sentiu o poder? Bale, Keaton, Clooney e Kilmer: aprendam com o mestre e
sempre tenham consigo repelentes de tubarão, baleia, barracuda e outros mais;
nunca se sabe quando serão necessários. Além disso, vale notar que mesmo sendo
mordido por um tubarão, a perna e a calça de nosso herói continuam intactas,
sem sequer um arranhão.
Esse Bátîmã é cabra da peste.
Batman, um cidadão
norte-americano
Após essa aventura inicial de nossa
dupla de heróis, Batman e Robin vão dar uma coletiva de imprensa sobre o
acontecimento, e aqui começamos a perceber que não existe a diferença entre os
filmes recentes e o antigo apenas no humor, mas também na inserção do herói na
sociedade da época. Enquanto nos filmes a partir do final dos anos 80 havia a
discussão sobre a legitimidade do homem-morcego combater o crime por conta
própria, sem ser um agente da lei, o filme de 1966 apresenta um discurso
diferente. Nele, Batman é respeitado por todos e visto como um agente da lei de
Gothan, não sendo discutido se aquilo é legitimo ou não, ou seja, existe, de
certa forma, um incentivo para que as pessoas sigam o exemplo e se comportem
como heróis. Tanto é assim que, durante a coletiva, a mulher gato (disfarçada
de repórter) pede para que nossos heróis tirem as mascaras e todos do local
ficam chocados. A isso Robin responde: “Debaixo desse disfarce somos americanos
comuns”.
No filme, Batman e Robin são de fato
representantes da justiça, enquanto nos filmes tardios existem divergências de
opiniões, já que para alguns eles são heróis e para outros são criminosos.
A sorte favorece os bons...
Ou não
Uma coisa que aprendemos
com o filme é que não importa a situação, se você for bom e estiver combatendo a
injustiça, a sorte virá ao seu encontro. Como exemplo podemos citar a cena em
que Batman e Robin estão presos em uma boia no meio do mar e sem poder se mexer,
havendo um torpedo indo em direção a eles. Uma situação impossivel de se salvar.
No entanto, como eles são heróis e lutam contra o crime, um golfinho se joga na
frente do projétil para salvar a dupla dinâmica. Logo após a cena, Batman e
Robin conversam sobre a nobreza do ato do golfinho (quase humano) que deu a
vida para salvar a vida da dupla dinâmica. Afinal, a prevalência da justiça faz
muita diferença para um cetáceo.
Por mais engraçado e bizarro que
possa ser, podemos tirar uma mensagem político-social da cena: se até um animal
(golfinho) dá a vida para lutar contra o crime e a injustiça, porque não fazemos
o mesmo? Seria uma forma de passar a mensagem de incentivo a luta pelo seu país
com sua própria vida, a propósito, algo bem estadunidense, não?
Outra situação bizarra cuja nossa
dupla conta com a sorte, é o momento em que Charada atinge o Bat-Cóptero com um
míssil e milagrosamente os heróis caem em cima de espumas que estavam no meio
da rua - Oi?
Um Bat-Exemplo a ser
seguido
Ao passo que o heroísmo é exaltado
no filme, existem alguns momentos nos quais as organizações do governo são
“ridicularizadas”, dando a entender que o governo pode errar, mas sempre haverá
alguem que irá ajudar a resolver o problema e salvar o dia, e não precisa ser o
Batman, pode ser um cidadão comum. Afinal, como foi dito anteriormente pelo
Robin: nós somos americanos comuns. Eis uma forma de inserir as pessoas na
sociedade em um período em que parte dos americanos estavam perdendo a
confiança no país (guerra do Vietnã, Guerra Fria, movimento hippie, etc.)
Algo que, no entanto, soa bastante estranho a nós que assistimos o filme quase 50 anos depois, é o discurso anti-alcool que é apresentado nele (algo bem esquisito ao cinema hoje em dia, já que não tem coisa mais normal do que pessoas bebendo para celebrar e confraternizar, seja no cinema, na tv, no teatro ou em qualquer lugar). Enquanto Batman e Robin escalam a parede de um bar com seu Bat-Rangue (um morcego de plástico amarrado com um barbante) começam a discutir:
Algo que, no entanto, soa bastante estranho a nós que assistimos o filme quase 50 anos depois, é o discurso anti-alcool que é apresentado nele (algo bem esquisito ao cinema hoje em dia, já que não tem coisa mais normal do que pessoas bebendo para celebrar e confraternizar, seja no cinema, na tv, no teatro ou em qualquer lugar). Enquanto Batman e Robin escalam a parede de um bar com seu Bat-Rangue (um morcego de plástico amarrado com um barbante) começam a discutir:
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Robin:
Veja bem Batman, essas pessoas em trajes estranhos, como os pobres
super-desonestos que estão por ai. É assombroso que ninguém tenha denunciado este
lugar a polícia.
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Batman:
É uma vizinhança barata, cheia de alcoólatras. Eles pensam que essas raras visões
são desilusões alcoólicas.
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Robin:
Deus, beber é com certeza um hábito asqueroso. Preferia estar morto do que não
confiar em meus próprios olhos.
*
-
Robin:
Você arriscou sua vida para salvar aqueles canalhas num bar?
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Batman:
Eles podem ser boêmios, Robin, mas também são seres humanos e merecem ser
salvos. Eu tinha que fazer isso.
Essa cena e outras mostram bem a
questão da intervenção da religião e do Estado no mercado cinematográfico de
massa, no qual era necessário respeitar alguns padrões sociais e não tocar em
certos assuntos que pudessem ofender o espectador.
Batman, o salvador do mundo
No final do filme vemos frequentemente
a questão da democracia norte-americana como a solução para os conflitos
globais. Após os quatro vilões sequestrarem todos os embaixadores presentes em
uma reunião de chefes de Estado, Batman e Robin conseguem resgatá-los. Entretanto,
devido a alguns problemas, cada embaixador passa a falar a lingua de um país
diferente do seu. Ao perceber o ocorrido, Batman diz:
- Quem diria Robin? Está estranha mistura
de mentes pode ser o maior serviço unido prestado à humanidade.
Ou seja, a solução do mundo está na democrácia
(defendida pelos EUA) que ocorre a partir do momento que um começa a absorver a
cultura do outro e não na ditadura, conservadorismo e/ou regionalismo
defendidos por alguns.
POW! WHAP! BFF! BAP! ZWAPP!
“Batman, O Homem-Morcego”
é um daqueles filmes que carregam a década na qual foi produzido junto com ele,
mas que, ao mesmo tempo, será eterno; qualquer pessoa de qualquer idade ou
época poderá assistir e se divertir.
A trilha-sonora é um dos pontos
fortes do filme, cheia de músicas que sobreviveram aos anos e marcaram a infância
de muitos, afinal, quem nunca escutou a música tema de Batman?
O filme é muito divertido e cheio de
coisas bizarras: Batman correndo com uma bomba prestes a explodir nos braços
por uns cinco minutos, os vilões voando em guarda-chuvas voadores, as deduções
WTF? do Robin, as lutas cheias de POW! ZWAPP! Em que o soco nunca encosta no
inimigo (lutas pastelão que são copiadas até hoje em dia), a inocência dos
heróis, os utensílios nada tecnológicos, etc.
É inegavel dizer a superioridade
técnica dos filmes posteriores, já que
foram feitos mais de 20 anos após, mas assistir um filme desses é como fazer
uma viagem no tempo e ver como cada época representa um mesmo herói. Nós do Café
adoramos o Batman do Nolan e estamos loucos para ver o desfecho da
trilogia, mas nunca um Batman será tão divertido e sem noção quanto o de Adam
West...
Trailer:
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