domingo, 13 de maio de 2012

Resenha: Dia das mães macabro (Mother's Day)


Dia das mães chegando e as dúvidas sobre o que comprar para sua amada mãezinha começam, pois nada vai ser o suficiente para retribuir tudo aquilo que ela fez por você. Porém, alguns filhos sabem exatamente o que vai deixar a mamãe feliz e, às vezes, para agradar a velhinha você só precisa sequestrar algumas garotas e agredi-las na sua frente - um ótimo programa para dia das mães, não?
Ficou chocado? Então leia a resenha de “Dia das mães macabro”



Título original: Mother’s Day
Lançamento: 1980 (EUA)
Duração: 90 minutos
Direção: Charles Kaufman e Warren Leight




Dia das mães macabro
Educar para matar

            Com as comemorações chegando o Café com Tripas não poderia deixar esse dia tão capitalis... Digo, importante, passar. Mas como vocês sabem nada passa por aqui sem tripas, coração e decapitações, nem mesmo o dia das mães. Por que por mais que mães sejam sempre vistas como pessoas carinhosas, protetoras, conselheiras, entre outras coisas, elas frequentemente possuem um monstro dentro delas, que desperta sempre que algo ameace seus filhotes...
Mamãe, o que você esta fazendo com essa faca e esse cadáver?

A história de “Dia das mães” se passa quando três amigas, que possuem o costume de viajar anualmente para relembrar a adolescência, decidem acampar numa floresta. Mas o que era pra ser uma viagem tranquila e divertida se transforma num pesadelo quando as moças são atacadas por dois loucos e sua genitora. 

Sim, elas vão acampar na floresta. Sim, elas param em uma loja de conveniência no caminho. Sim, elas são atacadas por loucos.

Não há muito que dizer sobre “Dia das mães macabro”. Ele acaba sendo mais um slasher com poucos detalhes que o diferenciem da grande maioria. É um filme datado. Em alguns minutos já se percebe todas as influencias “oitentistas” (roupas, músicas, fotografia, entre outras coisas) dele: os efeitos são simples e ruins (característicos do trash), assim como a trilha sonora que fica nos clichê que ajudam a dar o clima para o filme.
Os personagens recaem nos estereótipos comuns norte-americanos. Entre as três amigas temos a loira boasuda popular, a garota sentimental que ainda mora com a mãe e vê as amigas como “razões do seu viver” e outra que é a mulher resolvida, que sustenta o namorado e não precisa dar satisfações a ninguém.
Como já dito, o roteiro cai na mesmice dos slashers: jovens acampando num lugar deserto, a parada no posto de conveniência com o “aviso” de não ir para o lugar, os estranhos que atacam o grupo e promovem o terror etc. Porém, uma característica do filme que é bem diferente da grande parte dos filmes de terror, é que os assassinos são extremamente burros - não que todos sejam inteligentes, mas esses conseguem ser mais burros que os próprios protagonistas, e olha que isso é difícil. Exemplo disso é a protagonista que estava presa, consegue soltar as mãos que estavam atadas na frente do vilão e ele não faz nada, deixa ela solta.
Outro detalhe é o nome do filme “Dia das mães”, pois o filme, apesar de envolver a velhinha, pelo que entendi, ele não se passa no dia das mães. Então, ou o titulo foi algo escolhido aleatoriamente sem intenção de condizer com a data, ou o filme quer passar que dia das mães são todos aqueles dias que você leva presentes e demonstram seu amor pela velha, nem que seja estuprando e batendo em garotas na sua frente.
Velhinhas assassinas e liberdade na América

            Apesar de não ser o foco do filme, é possível ver tentativas de critica social no inicio dele (mesmo sendo totalmente deslocada e se perdendo no meio das bizarrices). Na primeira cena, por exemplo, o diretor tenta dar a entender que a velhinha vai ser vitima de um casal para qual ela deu carona, mas acaba se invertendo; ela é a assassina. Podemos tirar disso que muitas vezes as aparências enganam, e que nem sempre aquela velhinha simpática é uma vovó boazinha que faz bolo para os netos; ela também pode ser uma sádica. Por sinal, nem sempre o casal hippie é composto de drogados, bicho-grilo etc. Outro momento do tipo é o diálogo entre a atriz e o porteiro negro de seu prédio. Ele a vê saindo e diz que também gostaria de sair e viajar, e ela responde que ele não trabalha no final de semana e que estaria livre para aproveitar, ele se irrita e responde que nenhum cidadão negro é realmente livre na América.
Porém as críticas ficam por aí. Existem algumas referencias além dessas, mas nada é aprofundado, como quando, por exemplo, o bêbado que fica repetindo que os Rockfeller fazem milhões em um dia, dando a entender que ele está esperando por isso milagrosamente e que todos possuem a oportunidade para o mesmo. 

Mamãe, mamãe, trouxe Tripas para o jantar.
Apesar de não passar de um slasher, o filme pode nos levar a refletir sobre educação e criação. Nele vemos uma relação doentia entre mãe e filhos, em que a madre praticamente “adestra” os filhos conforme suas vontades. Isso fica claro em momentos onde a mãe monta “provas” no quintal para literalmente treiná-los, como se fosses cães de caça. Percebemos certa ingenuidade nos assassinos, pois eles foram criados para satisfazer os sadismos da mãe que os criou sem contato – que não envolvam sangue – com outras pessoas. Num certo momento os “freakzinhos” perguntam sobre a tia e a mãe inventa historias para evitar essa relação deles com os outros.
Em “Dia das mães”, vemos situações exageradas e doentias que, querendo ou não, são muito comuns na nossa sociedade. Calma! Não digo que sequestrar garotas para a sua mãe seja algo normal, mas mães “domesticando” seus filhos é algo mais comum do que parece. Quantas vezes não vemos mães depositando suas frustrações nas filhas? Mãe forçando filhas a serem modelos, bailarinas, em suma, transformando as proles em meras projeções de seus sonhos fracassados?
O filme é doentio, porém certos casos cotidianos são bem piores do que essa ficção, uma vez que no filme estamos tratando de pessoas doentes e problemáticas, enquanto no dia a dia vemos “pessoas normais” transformando seus próprios descendentes em objetos e, em vários casos, impedindo que eles tenham contato com um mundo diferente daquele que julgam ser o adequado.

Verei esse com mamãe no domingo?

Não, a não ser que sua mãe goste muito filmes trash, não é uma boa ideia; ou você pode ficar sem seu “todinho”. O filme é ruim e no geral é apenas mais um slasher, no entanto, é um bom passa tempo quando a única coisa que você quer é um pouco de violência gratuita.

Trailer:




4 comentários:

  1. Valeu pela dica. Esse parece ser um daqueles que, de tão ruins, chegam a ser bons. Filmes assim são sempre bons de se ver com amigos nerds, cerveja e salgadinhos de isopor, apropriados pra jogar na tela sem arriscar causar danos à TV.

    Grande abraço. 8)

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  2. Já assisti a esse filme e é realmente tão ruim que chega a ser bom ;-) Amo filmes trash e esse blog é mesmo uma preciosidade. Obrigada!

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  3. Adoro esse filme.
    Trash com todas as letras em caixa alta hehe
    Personagens estranhíssimos e simpáticos + cenas tão mal feitas que chegam a divertir bastante.

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