Eu
poderia dar milhões de motivos para você parar tudo que você está fazendo para
correr atrás desse filme, entretanto, basta eu citar o nome de dois atores que
participam desse filme pra você ter certeza de que esse é um dos maiores
clássicos do cinema nacional: Alexande Frota e Gretchen.
Título
original: A rota do brilho
Lançamento:
Brasil (1990)
Duração: 87 minutos
Direção: Deni Cavalcanti
A rota do
brilho
Os detetives Tom (Frota) e Nil
começam a investigar alguns casos semelhantes de overdose e, no decorrer das
investigações, percebem que pessoas importantes estão diretamente ligadas ao
tráfico de drogas entre Bolívia e São Paulo.
Cara, você tá com cara de bundão
Nos
primeiros dois minutos já temos certeza que estamos diante de um clássico. O
filme começa com os detetives Tom e Nil conversando dentro do carro sobre a
namorada de Tom. Ele diz que já fazem três meses que ele sai com a mulher mas
até agora nada de bundalelê. Mesmo assim ele diz se comportar como um
cavalheiro. Mas na primeira oportunidade, ambos já estão falando sobre a bunda
da mulher que passa na rua.
No
meio da conversa entre os dois, eles são avisados pelo rádio que devem se
dirigir a determinado local onde houve a morte de uma garota. Chegando lá, eles
descobrem que ela teve uma overdose, assim como outras garotas em situações
semelhantes. Quando voltam pra delegacia, ao conversarem com o chefe deles,
temos um dos melhores diálogos da TV brasileira e também descobrimos que há uma
grande pressão sobre eles pra que descubram o responsável pelas coisas que
estão ocorrendo.
O
filme se desenvolve a partir de dois núcleos diferentes: o primeiro é o dos
detetives, e o segundo dos criminosos. No início somos apresentados a uma
mulher que vem da Bolívia carregando cocaína na mala pra vender para a
organização de São Paulo, quem comanda o trafico é Branca. Há uma cena, logo no
inicio, que nos apresenta o panorama geral. O senador está ligado as drogas mas
quem administra é Branca, uma de suas funcionarias. Ele possui duas filhas, uma
delas é Rose, que não se interessa muito pelos negócios do pai e que já esta
noiva de um rapaz, mas nem por isso ela deixa de ser cobiçada por Roque, um dos
capachos. Outro personagem que nos é apresentado é o marido de Branca, mas
desde o inicio é perceptível que ela utiliza ele apenas para alimentar as
aparências.
“Sei que tá tudo errado no mundo
Mas não quero fazer parte dessa sujeira
toda”
Após a apresentação dos personagens e de
uma visão geral sobre o cenário, o filme irá se desenrolar com os detetives
indo atrás de pistas e os criminosos tentando ser mais furtivos e não serem
pegos, aquele tipo de coisa que já estamos cansados de ver no cinema. Com isso
você já deve até imaginar o fim, mas vamos deixar a historia de lado e observar
melhor os personagens.
Os
protagonistas Tom e Nil são colocados muito mais para dar humor na trama do que
pra representar a figura de policiais competentes. É engraçado e triste que
ambos os personagens possam ser vistos como heróis por muitos mesmo estando bem
longe disso. No decorrer da historia vemos que eles se gabam e são reconhecidos
por serem policiais que não aceitam propinas e que nunca se aliariam aos
bandidos por dinheiro... Eu sei,você deve estar se perguntando: mas isso não é
bom? Isso não os torna melhores?
Sim,
em partes. Claro que é preferível um policial que não seja corrupto,
entretanto… isso não deveria ser o básico? Um policial ser honesto não é nada
além de sua obrigação e não deveríamos
elogiar algo que é dever, afinal eles são policiais, além disso, honestidade é
essencial, mas não é a única coisa que define um bom policial, e em todo o
resto os dois personagens escorregam… e feio.
Pra
começar podemos citar algo que vemos desde o início: os dois parecem adolescentes
na puberdade que nunca viram mulheres. Sempre que eles estão no meio de alguma
operação que envolve mulheres eles parecem muito mais interessados em comentar
sobre a bunda ou sobre o que fariam com elas do que em fazer o trabalho deles.
Tanto que em uma cena eles conversam com as amigas de uma garota que foi
assassinada e logo depois que eles saem do local já estão comentando sobre o
que fariam com elas e como elas são bonitas, etc. Ou seja, assim como vários
casos que lemos diariamente de policiais que simplesmente ignoram e fazem pouco
caso de abusos envolvendo mulheres, Tom
e Nil também não sabem lidar com mulheres, por mais que eles acreditem saber.
Outro
ponto que merece ser destacado são os meios utilizados pelos mesmos. Por serem
detetives e se considerarem honestos, eles acreditam estar acima da lei e
utilizam de meios duvidosos para conseguir as informações que precisam, desde
ameaças verbais até pau de arara com choque. O filme passa a impressão de que o
abuso de poder é algo natural, e que não tem problema nenhum caso você consiga
esconder direito.
Resumindo,
além de serem personagens patéticos, não só pela atitude mas, também, por serem
incompetentes, eles não fazem nada do início ao fim. O filme só avança devido a
outras pessoas que os direcionam.
Rota
do brilho apresenta o pior da realidade da polícia e em nenhum momento
parece sentir vergonha disso, no entanto, pior que isso, é que tenho certeza
que muitas pessoas iriam assistir a tudo isso sem ver problema nenhum,
defendendo os métodos policiais utilizados e achando que Tom e Nil são heróis.
Nem só de policiais patéticos é feito um
filme
O núcleo mais interessante do filme é o das mulheres, porque ele contrasta com o núcleo dos detetives. Enquanto Tom e Nil são personagens bobões e que funcionam apenas como peças de uma engrenagem, Branca e Rose são personagens independentes que não se deixam levar pela inércia destinada a elas.
Apesar
de ser uma subordinada do senador, Branca é nitidamente quem controla todo o esquema de drogas. Seu patrão
atua apenas como alguém que financia e utiliza de influência para facilitar as
coisas. Obviamente é um filme que não se importa em construir personagens e dar
profundidade aos mesmos, mas alguns pontos ajudam a dar vida a eles. Por
exemplo, a relação que Branca tem com o seu noivo, em que ele parece muito mais
um empregado do que alguém com quem ela se relaciona de fato, e também o modo
como ela arquiteta e está a frente de algumas situações.
Outra
personagem bem interessante é Rose, a filha do senador. Ela é rica, tem um
noivo e vive em uma mansão, mas… não consegue viver nesse mundinho que lhe foi
destinado, o que faz com que ela dê constantes fugidas para se encontrar com
uma cafetina e conseguir alguns clientes. É uma personagem que quebra
totalmente nossa expectativa, mesmo tendo dinheiro, ela se prostitui como uma
forma de romper todos os valores ensinados, não por rebeldia, mas pra ter novas
experiências e assim conhecer algo além daquilo que é dado.
“Esse país só não é bom pra quem não tem
dinheiro.
O que não é o nosso caso.”
O que não é o nosso caso.”
Por
fim chegamos a principal crítica, talvez a única consciente, do filme, que é o
envolvimento de políticos e pessoas importantes com o tráfico. Isso é
apresentado sobretudo pelo personagem do senador: por mais que não seja quem
coordena as coisas de fato, ele está diretamente ligado ao tráfico e usa de
todas as suas influencias para facilitar o crime, tanto que em certo momento
até consegue afastar os detetives da investigação. Trocando em miúdos, o
senador lucra com o trafico de drogas e com a criminalidade desencadeada,
consequentemente, por que tentaria mudar alguma coisa na política ou até mesmo
descriminalizar as drogas? A partir disso podemos pensar diversos outros
problemas que ocorrem pela mesma situação.
As
pessoas, por mais que digam o contrario, são coniventes com o problema desde que consigam tirar proveito do mesmo.
Todos os corruptos são contra a corrupção, mas enquanto lucram com isso ninguém
está interessado em mudar a situação. Tal como as drogas, tem muita gente
importante que se beneficia com a guerra ao tráfico e mesmo que pessoas morram
e sejam prejudicadas, porque acabar com o problema se ele trás dinheiro e não
sou atingido com isso?
Os
problemas não precisam ser solucionados, apenas controlados para que continuem
lucrativos.
E a Gretchen?
A
Gretchen faz um papel bem secundário no filme, ela é uma artista que namora com
o Tom, o personagem do Frota. A princípio, ela se mostra difícil, como podemos
ver no primeiro diálogo de que participa, mas com o tempo se entrega ao
garanhão.
Eu
sei o que você está pensando: “Humm, então vai rolar um bundalele dos bons”
Sinto
lhe decepcionar.
Eu
sei que o desejo de todos era uma cena caliente entre Frota e Gretchen sem
nenhuma censura, afinal, como desperdiçar esses seres abençoados do cinema
nacional? Mas não é bem isso que ocorre. Até tem uma cena entre os dois, mas
quando você acha que vai começar a esquentar, acaba.
Devo cheirar essa rota do brilho?
Não
amiguinhos, drogas fazem mal, comam jujubas.
Rota
do brilho é um daqueles filmes pra assistir com os amigos enquanto comem
alguma besteira qualquer. Nem vou me atrever a falar sobre os aspectos técnicos
porque… acho que você já sabe o que esperar. É aquele tipico filme que tem
atuações péssimas, protagonistas cafagestes, diálogos memoráveis e uma cena de
morte que merecia o Oscar.
Eu
sei que o nome Frota e Gretchen fazem suas partes intimas enrijecerem ou
umedecerem, porém, infelizmente (ou felizmente) não temos nada disso no filme.
Caso você tenha lido até aqui só pra isso, acho melhor você procurar por A rai…
procura no Google porque nunca vi pornô e não posso recomendar.
Enfim,
é um filme que não merece ser visto e deve ser esquecido, mas sei que falar
isso é a mesma coisa que falar: ASSISTA. Então vai lá, não diga que não avisei.
Trailer
Frota é o meu ator preferido!!<3 (isso não é um coração)
ResponderExcluirhahaha, Frota é foda. Ele sabe qual é o negócio. Literalmente.
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