O Café com Tripas, apesar
de não ser um blog muito romântico, vez ou outra traz filmes que falam sobre
amor – Boxing Helena, Grotesque, Papaco –, e, mesmo não sendo os filmes ideais pra você assistir com
aquele broto que você ta chavecando, são filmes que mostram outro lado (não tão
bonito) do amor.
Com
isso, hoje o Café volta a falar desse sentimento tão bonito; e para mostrar
que somos um blog moderninho, que não temos preconceito e somos a favor do amor
em qualquer situação, seja hetero, homo, bi, cabras, mão, arvores, objetos... Por
que não falar dos necrófilos, que são tão discriminados e incompreendidos?
Hey,
amigo, da uma limpadinha no canto da boca, tem um verme.
Lançamento: 1987 (Alemanha)
Duração: 68 minutos
Direção: Jörg Buttgereit
NEKRomantik
Um amor diferente
Antes
de começar a resenha acho bom falar que “NEKRomantik” é um filme bem estranho e
quase nada (ou nada) nele é explicado, portanto, a resenha é feita através da
nossa interpretação do filme. Li várias resenhas e vi visões bem diferentes
sobre o filme; algumas delas, para falar a verdade eu não compreendi muito bem.
Então se você assistiu ao filme e pensa de outra forma deixe seu comentário e
debateremos sobre.
Agora
chega de blábláblá, nos queremos NECROFILIA...
Amor estranho amor
Robert é um faxineiro de áreas criminais
que, compartilha com sua namorada, o estranho costume de colecionar pedaços de
cadáveres e utiliza-los. Certo dia, quando estava encarregado de levar um
cadáver encontrado para o necrotério, ele decide levar para casa e utiliza-lo
como objeto sexual para “dar um up”
no relacionamento com sua namorada. Algo que não dá muito certo...
Amor, sexo e mortos
O
filme começa com Robert e seus colegas de trabalho removendo os corpos de um
acidente que ocorreu na noite anterior. Nisso, é interessante notar apesar dos
personagens trabalharem com a remoção de corpos - muitos deles deformados, como
o de uma mulher que está dividido ao meio -, fazem isso sem luvas e sem máscaras.
Afinal, luvas são para os frescos; profissional que é profissional pega as Tripas
com as mãos nuas.
Nessa
cena já notamos que Rob tem algum probl... Digo... Alguma mania exótica, pois ele
rouba o olho de um defunto que posteriormente será colocado em sua coleção de
pedaços humanos (coração, mãos, fetos, olhos...) que ele cuida junto à namorada.
-
Velho, como tem gente que pode colecionar restos humanos? Esse cara deve ser
doente, só pode.
Sim
amigo, ele é doente, doente de amor.
O
filme, apesar de não explicar, deu a entender (pelo menos pra mim) que a
obsessão de Rob por coisas mortas se deu através de um antigo (ou até mesmo
atual) medo.
Enquanto
sua namorada banha-se em uma agua ensanguentada, ele assiste a um programa que
fala sobre fobias. Nele, um especialista fala que, em alguns casos, após o
paciente ter o contato direto com o objeto do seu medo ele passa a ter uma
relação próxima com o mesmo. Logo após isso, vemos Rob “sonhando” com um coelho
sendo morto e tendo sua pele retirada, como se ele mesmo tivesse perdendo algo.
Em outra cena o vemos num laboratório abrindo um cadáver, como um legista.
Sendo
assim, podemos pensar que a obsessão do personagem por coisas mortas tenha
ocorrido como uma reação de sua fobia, ou talvez, como uma forma de tentar
resolver um problema que ainda enfrenta. No início do filme um dos seus colegas
de trabalho reclama para o dono da empresa que Rob fica nervoso nas cenas,
então, apesar de tudo, pode ser que ele ainda retenha certo medo cadáveres e
sua coleção seja uma forma de amenizar isso. O pensamento seria o seguinte: se
eu tiver contato com isso todo dia, talvez o medo passe, e eu tenha uma relação
ainda melhor com aquilo que amo: minha namorada.
É o amooorrr, que mexeee com minha cabeça
e me deixa assimmm....
O personagem está dividido em duas
situações distintas, uma na qual ele tem que enfrentar os problemas do trabalho
e da vida adulta e, também, em casa onde tenta satisfazer sua namorada com
fetiches não muito convencionais... Pelo que eu saiba, pelo menos; pois não sei
se você que está lendo essa resenha curte uma relação mais fria, se é que me
entende.
A questão é que certo dia Rob decide
levar um cadáver pra casa e assim poder fazer um “ménage a trois”. Essa está
entre as cenas mais bizarras que já vi no cinema: Rob chega com o cadáver
embalado em um saco - a cena é como se fosse um daqueles filmes americanos no
qual o marido chega com um presente pra mulher, sua namorada fica toda feliz e
logo coloca o cadáver na cama e eles fazem um “pipi” pro morto com uma pedaço
de madeira, e colocam camisinha.
(Viram,
amiguinhos? Mesmo quando for “tchaca tchaca” com um morto, lembre-se de usar
camisinha, ou você quer zumbizinhos correndo pela casa?)
Achou isso bizarro? Você não viu
nada. A cena é muito nojenta (desculpem-me, necrófilos, respeito o gosto
d’ocêis, mas isso não é pra mim não, sou um homem de deus). A moça é penetrada
pelo “pipi” recém construído do morto, lambe seu rosto esquelético melado (deve
ser pele derretida ou coisas do tipo); existe até mesmo um momento que Rob pega o olho do morto com a
boca e começa a chupa-lo...
Bom,
melhor parar por ai antes que vocês gorfem... Ou gozem.
Enfim, a questão é que nessa putaria
cena toda, o Rob parece ficar meio de fora. Ele está participando e
aproveitando, mas sua namorada parece estar muito mais interessada no novo
amiguinho do que no nosso pobre protagonista.
Até que o morto nos separe
Li algumas resenhas e não vi nada a
respeito, mas minha interpretação do filme é que Rob não é, diretamente, um
necrófilo, mas sim sua namorada que o usava como um meio de conseguir coisas
macabras para o seu fetichismo. Tanto é assim que logo que Rob é despedido, ela
briga com ele e fala: “E agora, como conseguiremos outro cadáver? Quanto tempo
acha que este vai durar?”. Em seguida ela vai embora, levando o morto com ela.
Portanto, creio eu, que Rob não seja
um apreciador de mortos, mas passou a adotar esse costume para agradar a
namorada. Talvez cadáver seja um pouco demais, porém quantas vezes não vemos (e
fazemos) coisas do tipo só para agradar a namorada (o). Quem nunca passou a
fazer certas coisas que não gostava, ou não fazia, só pra agradar alguém que
atire o primeiro crânio!
Ou seja, sua namorada era uma
oportunista que utilizava do amor e do trabalho de Robert pra satisfazer seu
fetichismo, e tão logo ele deixou de fornecer aquilo que ela demandava, ela o
abandonou.
“O
quê vive que não vive da morte de outros?”
A dor de ser abandonado por alguém
que ama leva Robert a entrar em um caminho autodestrutivo e passar a adotar
comportamentos que refletem os mesmos de sua ex, como tomar banho com sangue,
“brincar” com coisas mortas, enfim, coisas que só víamos o personagem fazer
quando estava junto a ela, nunca sozinho. Sendo assim a necrofilia de Rob deixa
de ser algo para agradar e passa a ser algo para reviver os momentos que teve
no passado com seu affair.
Apesar de não trabalhar mais com
mortos, a morte passa a estar mais interiorizada em seu ser do que antes. Ao
ser abandonado Robert tenta fazer de tudo para que possa sentir prazer de novo
e, não tendo sucesso, decide levar uma prostituta para transar no cemitério,
pois esta é uma de estar próximo à morte e, ao mesmo tempo, reviver a
experiência do sexo com uma mulher. Entretanto, seu amiguinho não acorda, e em
um ataque de raiva ele mata a moça ao ser zoado por ela, conseguindo,
finalmente, uma ereção... Ah, claro, ele não desperdiça a oportunidade.
Assim, no final do filme (que não
direi o que acontece, mas posso adiantar que é uma cena que provavelmente não
vai sair da sua cabeça tão cedo) ocorre uma forma de redenção do personagem. Da
mesma forma que o coelho perde a pele no início representando a perda de sua
identidade uma vez que vivia, de certa forma, para a satisfação da namorada, no
final a cena do coelho corre ao contrario, como se ele estivesse retomando sua
pele, retomando sua identidade e, consequentemente, sendo responsável pelo seu
próprio prazer.
“NEKRomantik”
é um filme de difícil digestão até mesmo pra quem gosta de cinema trash e
bizarrices. Não digo que é um filme ruim; ele tem suas qualidades, mas não é um
do tipo que eu recomendaria os outros assistirem. O ménage a trois é algo tão
bizarro que não tenho interesse nenhum em ver novamente, pelo menos não tão
cedo. Lembrando um pouco o “Cannibal Holocaust”, a cena do coelho também é bastante pesada pra quem não gosta
(se é que tem alguém que gosta) de ver animais morrendo.
A
falta de recursos é percebida no filme. A fotografia é precária em boa parte dele.
Há cenas escuras e frequentemente mal filmadas, entretanto, vez ou outra alguma
se destaca; como a do ménage, que mesmo terrível, tem suas qualidades. Até
pareceria um pornô de verdade... Se não tivesse um morto no meio.
A
trilha sonora é interessantíssima; ela serve como contraste pras cenas:
enquanto vemos sexo, cadáveres e nojeiras, ela é calma, alegre e romântica; já em
outros momentos, consegue refletir o sentimento do personagem, como na morte do
gato.
Então,
queridos malditos leitores desse bloguinho sem vergonha, a não ser que você
seja um necrófilo e adore uma safadeza gelada, o Café com Tripas, lava as mãos
e não recomenda nem “disrecomenda” este filminho simpático, a crítica dele está
ai; cabe a você decidir entrar, ou não, nesse mundo de cadáveres, chupação de
olho, pirocas de madeira e muita necrofilia.
Eu adorei sua forma de escrever sobre um filme tão sinistro, vou passar a acompanhar suas postagem. KKK
ResponderExcluirClaudia
Valeu, a ideia do blogue é tentar destrinchar essas coisas que, por serem bizarras, nem sempre recebem muita atenção. Há propostas nessas obras e tentamos explicar aqui quais seriam.
ExcluirNossa essa foi de longe a melhor análise que já li sobre esse filme, que é um dos meus favoritos do Jorg Buttgereit!
ResponderExcluirMeus parabéns!
Muito obrigado!
ExcluirFiquei bastante horrorizado com o filme mas gostei da música theme dele é realmente muito boa
ResponderExcluirÉ ótima mesmo.
ExcluirAmor estranho amor foi boa kkkkk parabéns pelo post
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirLegal sua explicação sobre o que você entendeu do filme.. e até que o morto nos separe, foi muito bom..kkk
ResponderExcluirAonde assistir ?
ResponderExcluirSó com essa "sinopse"eu ja não aguentei imagina assistir deus me livre eu que faltei me cagar no filme do juck
ResponderExcluirhahahahah
ExcluirGente que coisa bizarra kkkkkkkkkkkkk se não tivesse morte com animais eu até assistiria mas um gato e um coelho morrendo pra mim é demais pq pode ser que eles tenham morrido de verdade então pra mim n da
ResponderExcluirhaha, tem coisas que não são pra gente mesmo. Mas tem várias outras boas indicações aqui no blogue que não têm esse peso todo, dê uma conferida.
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