quinta-feira, 5 de julho de 2012

Resenha: A volta dos mortos vivos III, IV e V (The return of the living dead)


Iniciando um novo mês com mais filmes clássicos  o Café dá prosseguimento as resenhas da franquia "A volta dos mortos vivos". Se antes abordamos os dois primeiros, que são bastante semelhantes, agora analisaremos os três últimos filmes da série. 
Sente-se de maneira confortável, pegue um lanche, seu balde de vômito e um lencinho para se limpar, pois vai jorrar sangue da tela do PC.





Título original: Return of the living dead part III
Lançamento: 1993 (EUA)
Duração: 97 minutos
Direção: Brian Yuzna





A volta dos mortos vivos III
Com sangue e com amor

Ao contrário de seus antecessores, “A volta III” é um filme sério. A trama não tem zumbis esdrúxulos, piadas prontas, penteados exóticos ou nenhum dos elementos que tentaram tornar os filmes anteriores engraçados (e falharam). Aqui, mesmo nos momentos em que o clima desanuvia e a seriedade vai embora, certa tensão paira no ar junto ao cheiro de morte...

The love is in the air

Diferentemente do segundo filme, aqui a história é original: Curt é filho de um general do exército envolvido num experimento secreto que busca reanimar cadáveres. Após a morte de sua namorada num acidente ele decide usá-lo para ressuscitá-la.

Bella e Edward


            Após sua noiva se transformar numa criatura morta, sedenta por tirar a vida de outras pessoas para se manter, o protagonista tenta ajudá-la com sua nova natureza sombria. Juntos eles viverão um lindo romance cheio de aventura e volúpia, tendo que lutar contra um mundo que tenta separá-los.

Puts... O filme tem dessas, rapaz?

Na verdade não. A trama é bastante séria, chegando a cansar o telespectador lá pela metade quando percebemos que o roteiro tem (muitos) problemas. Basicamente a história se concentra na perseguição dos protagonistas pelo exército que busca capturá-los, demorando-se grandemente em mostrar os personagens correndo de um lado para o outro da cidade. Isso, no entanto, não torna o filme sumamente ruim. Há várias aberturas interessantes as quais o diretor não explorou muito bem, mas que estão lá: o romance entre os protagonistas, por exemplo, tem seus momentos interessantes quando se evidencia o contraste entre quem está desesperadamente perdido e quem tem ilusões sobre a salvação. Por outro lado, sempre que algo parece querer acrescentar alguma profundidade a obra, a história muda de rumo, como se não fossemos capazes de assistir um filme sem cenas de ação e sangue. Frustrante.

Atuações, efeitos e personagens


Todos os atores são ruins. Mesmo os protagonistas que (supostamente) deveriam salvar a trama conseguem, no máximo, um desempenho inexpressivo. Se somarmos isso à existência de poucos “zumbis”, poucos efeitos especiais e a instalações ultra secretas do exército que mais parecem containers, teremos claramente um filme de baixo orçamento feito por algum diretor malandro, tomando carona numa franquia a qual não respeita a fim de enriquecer. 
A trilha sonora é ignorável, contrariando um aspecto que é bastante positivo nos filmes anteriores.
Ademais, certas cenas e fatos constituem um insulto à inteligência do telespectador. Vou apontar somente três:

1º – Acabamos descobrindo numa instalação super secreta do exército onde são realizados experimentos que poderiam comprometer a nação inteira, há, no máximo, dois seguranças para guardá-las. Para passar pelo primeiro basta dizer “vim visitar meu pai” que ele te deixa prosseguir. Quanto ao segundo, não se preocupe, pois ele não vai te notar nem que você traga uma garota morta nos braços – é sério.

2º – O filme nos informa também que o esconderijo de todo adolescente perdido é o esgoto. Após brigarem com os protagonistas e se afastarem deles, um grupo de arruaceiros (latinos, diga-se de passagem) conclui sem nenhuma evidencia cabível: “eles devem ter ido para o esgoto”. Ora, imagino que para que a coisa seja assim tão óbvia, o esgoto deva ser um local natural para os jovens que nasceram além das terras tupiniquins, um ambiente social tão agradável quanto os parques, escolas e shoppings; de modo que é comum que quando alguém se meta em confusão, corre para lá. Ah, essas modas do primeiro mundo...

3ª – No universo de “O retorno” o amor está acima de todas as coisas. Por ele vale percorrer a cidade deixando um rastro de destruição, contaminar o mundo todo com uma doença incurável e fatal, trair o próprio pai duas vezes, permitir que um amigo morra, deixar que zumbis se banqueteiem nos corpos de inocentes, colocar o exército atrás de um casal de idiotas... Enfim: o amor é lindo.

Tu recomendas?

Definitivamente não.

Trailer:



*


IV





Título original: Return of the living dead: Necropolis
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 93 minutos
Direção: Ellory Elkayem





A volta dos mortos vivos Necropolis
Conspirações, zumbis e baixo orçamento 

Fiel aos filmes anteriores “O retorno dos mortos vivos: necropolis” faz jus aos elementos consagrados pelos fãs: roteiro ruim, atuações medíocres e falta de consistência na trama. Se acrescentarmos a isso algumas pitadas de humor negro, teremos um filme verdadeiramente medonho e à altura da série que o suscita.

A história é que...

            Um grupo de amigos decide desvendar o desaparecimento de um companheiro que, após um acidente, parece ter sido raptado pela mega corporação Hybra Tech. Investigando o caso, eles descobrem que a empresa faz testes em pessoas mortas para produzir armas biológicas.

É bom?


            Não. Trata-se apenas mais uma história ruim dentro da categoria “invasão zumbi”, já tão maltratada pelas três partes anteriores dessa franquia. O diretor se vale de clichês e sangue esparramado para tentar conquistar o (bolso do) público. A história, além disso, descaracteriza completamente os elementos tradicionais da franquia até então, transformando os mortos vivos originais de “Return” em meros zumbis-clichês preguiçosos, o que não seria ruim se o resultado final fosse satisfatório, mas ele não é.

Jovens multiusos


A característica mais marcante do filme, a meu ver, é a falta de coesão nas cenas individualmente e coerência no filme de um modo geral. Imagine que se trata de um grupo de jovens em idade escolar (pense na Malhação: gente com cara de trinta anos interpretando adolescentes de quinze anos, com mentalidade de três e meio) invade uma mega corporação bilionária, que tem o que há de melhor em pesquisa bélica e armamentos, fortemente protegida por... Dois seguranças! No decorrer do filme descobrimos ainda que os personagens, apesar de serem meramente estudantes, também sabem disparar tiros certeiros nas cabeças dos zumbis; assassinar a sangue frio, aplicar golpes de artes marciais e descer prédios de rapel. Não fique surpreso se, de repente, alguém aparecer com um lança chamas!

Mais trash que os anteriores

O aspecto mais fortemente trash do filme não se encontra nas balas abrindo crânios ou nas dentadas purulentas, mas nas atuações incrivelmente ruins. O ator Peter Coyote (o “tio Charles”) é certamente o grande destaque: ele sorri para transmitir tensão, morde quando quer sorrir e utiliza o mesmo tom de voz se contente, misterioso ou em apuros, provando que aula de atuação é coisa de marica: para fazer bem feito, basta escancarar a dentadura que a cena se garante sozinha. Além disso, vale destacar o trabalho brilhante de John Keefe, que nos ensina que protagonistas de verdade fazem todo o filme com a mesma expressão e ainda ganham a mocinha no final.
A propósito, os diálogos também dão um show de baboseira. Alguns são tão ruins que se tornam engraçados. Em certo momento, por exemplo, os jovens confrontam o cientista responsável pelas pesquisas com zumbis. E perguntam:
- Para que tudo isso?
E o cientista - no melhor estilo Pink e Cérebro - responde:
- Não é óbvio? Para dominar o mundo!

Cinco verdades que o “O retorno dos mortos vivos: Necropolis” ensina:

1ª – Que zumbis gemem, são lentos e burros. Porém, se o zumbi em questão for seu amigo, ele será capaz de papear sobre assuntos complexos, jogar os ressentimentos deles em você para possibilitar uma cena dramática, se mover normalmente e até mesmo aplicar técnicas de artes marciais. Talvez ele lembre, inclusive, daquele dinheirinho que te emprestou.

2ª – Que adentrar nos segredos sujos das mega-corporações é moleza: basta o cartão de identificação do seu Zé, o segurança, parece conseguir. Wikileaks também ajuda.

3ª – Que graças à crise econômica dos EUA, a equipe de guerra da SWAT tem apenas um tanque de guerra e oito soldados no seu quadro de funcionários, para conter invasões zumbis apocalípticas. Contudo, não se anime e saia pelas ruas gritando contra o capitalismo crendo que irá mudar o mundo, jovenzinho, pois a repressão continua sendo muito bem paga - com dinheiro do contribuinte.

4ª – Que para os meninos brancos da classe média mendigos e zumbis tem o mesmo status social: os dois merecem ser fuzilados à sangue frio antes que se aproximem da gente de bem. DuvidaAssista ao filme e descubra por si mesmo.

5ª – E por fim, que grandes corporações sempre querem dominar o mundo. Exceto, é claro, o McDonald’s, que tem o Mc Dia Feliz.

Que risco eu corro ao assistir o filme?

     Tédio e sono são os sintomas primários, sendo o uso dessa droga desaconselhável para menores de trezentos e cinqüenta anos. Ele pode causar câncer no umbigo e diarréia no cérebro se usado por mais de dois minutos e meio. Não assista.

Trailer:



*


V





Título original: The return of living dead – Rave from the grave
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 91 minutos
Direção: Ellory Elkayem




A volta dos mortos vivos V
Dance, dance e morra

“A volta V” é uma sequencia direta do quarto, o que na Inglaterra e na Europa seria motivo suficiente para mandar o diretor para cadeira elétrica, mas como se trata dos EUA, a ética é deixada de lado em prol do lucro. Maldito seja o capitalismo.
Seja como for, “Return V” é a última pá de terra sobre uma série que já nasceu agonizante, cujos pais não tiveram o bom-senso de abortar, o padre não batizou e os santos não abençoaram. Se algum dentre vocês bater as botas antes de mim, peça aos anjos do céu (supondo que você tenha sido uma boa pessoa e tenha ido para o céu) para que impeçam os homens de dar uma continuação à série. A humanidade não suportaria um sexto filme.

Drogas e rock’n roll


Depois dos eventos ocorridos no filme anterior, os jovens sobreviventes voltam as suas vidas normais de estudantes. Tudo parece ir bem até que Julian (o insosso protagonista) descobre alguns barris de trioxina no sótão da casa de seu tio. Ele e seus amigos os utilizam para produzir uma droga que acaba por transformar os usuários em zumbis.

Amnésia


O filme tem os mesmos atores representando os mesmos personagens do filme anterior só que (ainda) mais retardados: ao se depararem com um zumbi, eles se mostram incapazes de reconhecê-los mesmo tendo enfrentado esses monstros pracario no quarto filme. Além disso, não guardam qualquer trauma de terem visto um monte de amigos morrer no filme anterior. Essa desconsideração pela a história seria ultrajante numa série boa, porém, devo lembrá-los: não estamos tratando de uma série de bons filmes. Consequentemente, o pensamento é mais ou menos assim: se o telespectador é tão pouco exigente a ponto de assistir os quatro filmes anteriores, por que, afinal, iria querer um filme bom agora?

Sangue, piadas, balas e tédio

A história se volta para Julian e seus amigos na medida em que o vírus causado pela trioxin vai se espalhando e contaminando mais pessoas. O ponto culminante será uma rave na qual os jovens se encontrarão para se divertir e usar a droga-zumbi, o que produzirá um enorme caos.
Junto aos filmes anteriores, V é o pior filme da série. Nele, o diretor usa todas as formulas conhecidas para agradar o telespectador e o convencê-lo a assistir a coisa até o fim: sangue jorrado na parede, festa com gente jovem e descolada, rock para dar um clima, drogas alucinógenas, balas certeiras, tiradas de humor banais, golpes de guitarra que decepam pescoços e toda forma de estímulo visual que poderia impressionar uma criança, mas que para qualquer outra pessoa não surte efeito. Acho que ele precisava fazer grana. Sei lá. Curiosamente, apesar da violência, das drogas e do rock’n roll, o filme não tem nenhum sexo. Talvez tenham guardado para uma continuação (espero que não). O fato é que encher as cenas com um monte de estímulos visuais e auditivos não faz com que uma história se torne boa (não, não estou falando do Avatar, é impressão sua). Nada do que é usado funciona. O filme repete os erros do anterior e soma a isso um senso de humor bobo e dispensável, encerrando mal uma série que já não andava bem das pernas.

Penso:

O personagem negro do filme coincidentemente é também aquele que usa irresponsavelmente substâncias ilícitas para fazer drogas sintéticas e se tornar o “trafíca” da região. Acho que isso deve significar alguma coisa.
Bom, deixa pra lá...

Recomendável?

Definitivamente não. Leia a minha resenha e se dê por satisfeito (a).

Trailer:



Concluindo...

E o que mais dizer para o leitor que chegou até aqui? Bem, como uma série de filmes “A volta dos mortos vivos” é uma decepção, embora alguns deles tenham bons méritos individuais, sobretudo o primeiro. A grande tragédia é que aquilo o qual havia de original no início foi sumindo na medida em que se passou a utilizar o nome “A volta dos mortos vivos” como uma autoridade, como se as pessoas tivessem obrigação de ver e gostar dos filmes apenas por que ele teve, um dia, boas ideias e uma boa recepção. Cada novo filme da franquia é mais distante da originalidade do inicial. Mais ou menos como aquelas dúzias de sequências de “Sexta feira 13” e “A hora do pesadelo”. O fim da série já é um cadáver que não assusta ou morde, apenas está morto.
Contudo, para quem tem gosto pelo cinema trash e por todas as tranqueiras existentes dentro do gênero, a série é um verdadeiro banquete de lixo no qual se pode refestelar. Boa refeição.

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