Iniciando um novo mês com mais filmes clássicos o Café dá prosseguimento as resenhas da franquia "A volta dos mortos vivos". Se antes abordamos os dois primeiros, que são bastante semelhantes, agora analisaremos os três últimos filmes da série.
Sente-se de maneira confortável, pegue um lanche, seu balde de vômito e um lencinho para se limpar, pois vai jorrar sangue da tela do PC.
Título
original: Return of
the living dead part III
Lançamento: 1993 (EUA)
Duração: 97 minutos
Direção: Brian Yuzna
Lançamento: 1993 (EUA)
Duração: 97 minutos
Direção: Brian Yuzna
A volta dos mortos vivos III
Com sangue e com amor
Ao contrário de seus antecessores, “A
volta III” é um filme sério. A trama não tem zumbis esdrúxulos, piadas prontas,
penteados exóticos ou nenhum dos elementos que tentaram tornar os filmes
anteriores engraçados (e falharam). Aqui, mesmo nos momentos em que o clima
desanuvia e a seriedade vai embora, certa tensão paira no ar junto ao cheiro de
morte...
The love is in the air
Diferentemente do segundo filme, aqui a
história é original: Curt é filho de um general do exército envolvido num
experimento secreto que busca reanimar cadáveres. Após a morte de sua namorada num
acidente ele decide usá-lo para ressuscitá-la.
Bella e Edward
Após sua noiva se transformar numa
criatura morta, sedenta por tirar a vida de outras pessoas para se manter, o
protagonista tenta ajudá-la com sua nova natureza sombria. Juntos eles viverão
um lindo romance cheio de aventura e volúpia, tendo que lutar contra um mundo
que tenta separá-los.
Puts... O filme tem dessas,
rapaz?
Na verdade não. A trama é bastante séria,
chegando a cansar o telespectador lá pela metade quando percebemos que o
roteiro tem (muitos) problemas. Basicamente a história se concentra na perseguição
dos protagonistas pelo exército que busca capturá-los, demorando-se grandemente
em mostrar os personagens correndo de um lado para o outro da cidade. Isso, no
entanto, não torna o filme sumamente ruim. Há várias aberturas interessantes as
quais o diretor não explorou muito bem, mas que estão lá: o romance entre os
protagonistas, por exemplo, tem seus momentos interessantes quando se evidencia
o contraste entre quem está desesperadamente perdido e quem tem ilusões sobre a
salvação. Por outro lado, sempre que algo parece querer acrescentar alguma
profundidade a obra, a história muda de rumo, como se não fossemos capazes de
assistir um filme sem cenas de ação e sangue. Frustrante.
Atuações, efeitos e personagens
Todos os atores são ruins. Mesmo os protagonistas
que (supostamente) deveriam salvar a trama conseguem, no máximo, um desempenho
inexpressivo. Se somarmos isso à existência de poucos “zumbis”, poucos efeitos
especiais e a instalações ultra secretas do exército que mais parecem
containers, teremos claramente um filme de baixo orçamento feito por algum
diretor malandro, tomando carona numa franquia a qual não respeita a fim de
enriquecer.
A trilha sonora é ignorável, contrariando um aspecto que é bastante positivo nos filmes anteriores.
A trilha sonora é ignorável, contrariando um aspecto que é bastante positivo nos filmes anteriores.
Ademais, certas cenas e fatos constituem
um insulto à inteligência do telespectador. Vou apontar somente três:
1º
– Acabamos descobrindo numa instalação super secreta do exército onde são
realizados experimentos que poderiam comprometer a nação inteira, há, no máximo,
dois seguranças para guardá-las. Para passar pelo primeiro basta dizer “vim
visitar meu pai” que ele te deixa prosseguir. Quanto ao segundo, não se
preocupe, pois ele não vai te notar nem que você traga uma garota morta nos
braços – é sério.
2º
– O filme nos informa também que o esconderijo de todo adolescente perdido é o
esgoto. Após brigarem com os protagonistas e se afastarem deles, um grupo de
arruaceiros (latinos, diga-se de passagem) conclui sem nenhuma evidencia cabível: “eles devem ter ido para o esgoto”.
Ora, imagino que para que a coisa seja assim tão óbvia, o esgoto deva ser um
local natural para os jovens que nasceram além das terras tupiniquins, um
ambiente social tão agradável quanto os parques, escolas e shoppings; de modo
que é comum que quando alguém se meta em confusão, corre para lá. Ah, essas
modas do primeiro mundo...
3ª
– No universo de “O retorno” o amor está acima de todas as coisas. Por ele vale
percorrer a cidade deixando um rastro de destruição, contaminar o mundo todo
com uma doença incurável e fatal, trair o próprio pai duas vezes, permitir que
um amigo morra, deixar que zumbis se banqueteiem nos corpos de inocentes,
colocar o exército atrás de um casal de idiotas... Enfim: o amor é lindo.
Tu recomendas?
Definitivamente
não.
Trailer:
*
IV
Título
original: Return of
the living dead: Necropolis
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 93 minutos
Direção: Ellory Elkayem
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 93 minutos
Direção: Ellory Elkayem
A volta dos mortos vivos Necropolis
Conspirações, zumbis e baixo orçamento
Fiel aos filmes anteriores “O retorno dos
mortos vivos: necropolis” faz jus aos elementos consagrados pelos fãs: roteiro
ruim, atuações medíocres e falta de consistência na trama. Se acrescentarmos a isso
algumas pitadas de humor negro, teremos um filme verdadeiramente medonho e à
altura da série que o suscita.
A história é que...
Um grupo de amigos decide desvendar
o desaparecimento de um companheiro que, após um acidente, parece ter sido
raptado pela mega corporação Hybra Tech. Investigando o caso, eles descobrem
que a empresa faz testes em pessoas mortas para produzir armas biológicas.
É bom?
Não. Trata-se apenas mais uma história
ruim dentro da categoria “invasão zumbi”, já tão maltratada pelas três partes
anteriores dessa franquia. O diretor se vale de clichês e sangue esparramado para
tentar conquistar o (bolso do) público. A história, além disso, descaracteriza completamente
os elementos tradicionais da franquia até então, transformando os mortos vivos
originais de “Return” em meros zumbis-clichês preguiçosos, o que não seria ruim
se o resultado final fosse satisfatório, mas ele não é.
Jovens multiusos
A característica mais marcante do filme,
a meu ver, é a falta de coesão nas cenas individualmente e coerência no filme
de um modo geral. Imagine que se trata de um grupo de jovens em idade escolar (pense
na Malhação: gente com cara de trinta anos interpretando adolescentes de quinze
anos, com mentalidade de três e meio) invade uma mega corporação bilionária,
que tem o que há de melhor em pesquisa bélica e armamentos, fortemente
protegida por... Dois seguranças! No decorrer do filme descobrimos ainda que os
personagens, apesar de serem meramente estudantes, também sabem disparar tiros
certeiros nas cabeças dos zumbis; assassinar a sangue frio, aplicar golpes de
artes marciais e descer prédios de rapel. Não fique surpreso se, de repente,
alguém aparecer com um lança chamas!
Mais trash que os
anteriores
O aspecto mais fortemente trash do filme
não se encontra nas balas abrindo crânios ou nas dentadas purulentas, mas nas
atuações incrivelmente ruins. O ator Peter Coyote (o “tio Charles”) é
certamente o grande destaque: ele sorri para transmitir tensão, morde quando
quer sorrir e utiliza o mesmo tom de voz se contente, misterioso ou em apuros, provando
que aula de atuação é coisa de marica: para fazer bem feito, basta escancarar a
dentadura que a cena se garante sozinha. Além disso, vale destacar o trabalho brilhante
de John Keefe, que nos ensina que protagonistas de verdade fazem todo o filme com a mesma expressão e ainda ganham
a mocinha no final.
A
propósito, os diálogos também dão um show de baboseira. Alguns são tão ruins
que se tornam engraçados. Em certo momento, por exemplo, os jovens confrontam o
cientista responsável pelas pesquisas com zumbis. E perguntam:
-
Para que tudo isso?
E
o cientista - no melhor estilo Pink e Cérebro - responde:
-
Não é óbvio? Para dominar o mundo!
Cinco verdades que o “O
retorno dos mortos vivos: Necropolis” ensina:
1ª
– Que zumbis gemem, são lentos e burros. Porém, se o zumbi em questão for seu
amigo, ele será capaz de papear sobre assuntos complexos, jogar os
ressentimentos deles em você para possibilitar uma cena dramática, se mover normalmente e até mesmo aplicar técnicas
de artes marciais. Talvez ele lembre, inclusive, daquele dinheirinho que te
emprestou.
2ª
– Que adentrar nos segredos sujos das mega-corporações é moleza: basta o cartão
de identificação do seu Zé, o segurança, parece conseguir. Wikileaks também
ajuda.
3ª
– Que graças à crise econômica dos EUA, a equipe de guerra da SWAT tem apenas
um tanque de guerra e oito soldados no seu quadro de funcionários, para conter
invasões zumbis apocalípticas. Contudo, não se anime e saia pelas ruas gritando
contra o capitalismo crendo que irá mudar o mundo, jovenzinho, pois a repressão
continua sendo muito bem paga - com dinheiro do contribuinte.
4ª
– Que para os meninos brancos da classe média mendigos e zumbis tem o mesmo
status social: os dois merecem ser fuzilados à sangue frio antes que se
aproximem da gente de bem. Duvida? Assista ao filme e descubra por si mesmo.
5ª
– E por fim, que grandes corporações sempre querem dominar o mundo. Exceto, é
claro, o McDonald’s, que tem o Mc Dia Feliz.
Que risco eu corro ao
assistir o filme?
Tédio e sono são os sintomas primários,
sendo o uso dessa droga desaconselhável para menores de trezentos e cinqüenta
anos. Ele pode causar câncer no umbigo e diarréia no cérebro se usado por mais
de dois minutos e meio. Não assista.
Trailer:
*
V
Título
original: The
return of living dead – Rave from the grave
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 91 minutos
Direção: Ellory Elkayem
Lançamento: 2005 (EUA)
Duração: 91 minutos
Direção: Ellory Elkayem
A volta dos mortos vivos V
Dance, dance e morra
“A volta V” é uma sequencia direta do
quarto, o que na Inglaterra e na Europa seria motivo suficiente para mandar o
diretor para cadeira elétrica, mas como se trata dos EUA, a ética é deixada de
lado em prol do lucro. Maldito seja o capitalismo.
Seja como for, “Return V” é a última pá
de terra sobre uma série que já nasceu agonizante, cujos pais não tiveram o
bom-senso de abortar, o padre não batizou e os santos não abençoaram. Se algum
dentre vocês bater as botas antes de mim, peça aos anjos do céu (supondo que
você tenha sido uma boa pessoa e tenha ido para o céu) para que impeçam os
homens de dar uma continuação à série. A humanidade não suportaria um sexto
filme.
Drogas e rock’n roll
Depois dos eventos ocorridos no filme
anterior, os jovens sobreviventes voltam as suas vidas normais de estudantes.
Tudo parece ir bem até que Julian (o insosso protagonista) descobre alguns barris
de trioxina no sótão da casa de seu tio. Ele e seus amigos os utilizam para
produzir uma droga que acaba por transformar os usuários em zumbis.
Amnésia
O filme tem os mesmos atores
representando os mesmos personagens do filme anterior só que (ainda) mais
retardados: ao se depararem com um zumbi, eles se mostram incapazes de
reconhecê-los mesmo tendo enfrentado esses monstros pracario no quarto filme. Além disso, não guardam qualquer trauma de
terem visto um monte de amigos morrer no filme anterior. Essa desconsideração
pela a história seria ultrajante numa série boa, porém, devo lembrá-los: não estamos tratando de uma série de bons
filmes. Consequentemente, o pensamento é mais ou menos assim: se o
telespectador é tão pouco exigente a ponto de assistir os quatro filmes
anteriores, por que, afinal, iria querer um filme bom agora?
Sangue, piadas, balas e
tédio
A história se volta para Julian e seus amigos na medida em que o vírus causado pela trioxin vai se espalhando e contaminando mais pessoas. O ponto culminante será uma rave na qual os jovens se encontrarão para se divertir e usar a droga-zumbi, o que produzirá um enorme caos.
Junto aos filmes anteriores, V é o pior
filme da série. Nele, o diretor usa todas as formulas conhecidas para agradar o
telespectador e o convencê-lo a assistir a coisa até o fim: sangue jorrado na
parede, festa com gente jovem e descolada, rock para dar um clima, drogas
alucinógenas, balas certeiras, tiradas de humor banais, golpes de guitarra que
decepam pescoços e toda forma de estímulo visual que poderia impressionar uma criança, mas que para qualquer outra pessoa não
surte efeito. Acho que ele precisava fazer grana. Sei lá. Curiosamente,
apesar da violência, das drogas e do rock’n roll, o filme não tem nenhum sexo.
Talvez tenham guardado para uma continuação (espero que não). O fato é que
encher as cenas com um monte de estímulos visuais e auditivos não faz com que uma
história se torne boa (não, não estou falando do Avatar, é impressão sua). Nada
do que é usado funciona. O filme repete os erros do anterior e soma a isso um senso
de humor bobo e dispensável, encerrando mal uma série que já não andava bem das
pernas.
Penso:
O personagem negro do filme
coincidentemente é também aquele que usa irresponsavelmente substâncias
ilícitas para fazer drogas sintéticas e se tornar o “trafíca” da região. Acho
que isso deve significar alguma coisa.
Bom, deixa pra lá...
Recomendável?
Definitivamente
não. Leia a minha resenha e se dê por satisfeito (a).
Trailer:
Concluindo...
E o que mais dizer para o leitor que
chegou até aqui? Bem, como uma série de filmes “A volta dos mortos vivos” é uma
decepção, embora alguns deles tenham bons méritos individuais, sobretudo o
primeiro. A grande tragédia é que aquilo o qual havia de original no início foi
sumindo na medida em que se passou a utilizar o nome “A volta dos mortos vivos”
como uma autoridade, como se as pessoas tivessem obrigação de ver e gostar dos
filmes apenas por que ele teve, um dia, boas ideias e uma boa recepção. Cada
novo filme da franquia é mais distante da originalidade do inicial. Mais ou
menos como aquelas dúzias de sequências de “Sexta feira 13” e “A hora do
pesadelo”. O fim da série já é um cadáver que não
assusta ou morde, apenas está morto.
Contudo, para quem tem gosto pelo cinema
trash e por todas as tranqueiras existentes dentro do gênero, a série é um
verdadeiro banquete de lixo no qual se pode refestelar. Boa refeição.
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