Na
resenha de Amityville eu perguntei se você acredita em
fantasmas/demônios, mas a verdade é que independentemente de sua resposta é
melhor seguir a filosofia de que uma pessoa prevenida vale por duas, sendo
assim, porque não aprender um pouco sobre demonologia, mesmo não acreditando,
pra caso o capeta apareça para puxar seu pé a noite você tenha alguma chance de
sobreviver. Bom, vamos começar pelo básico:
1º
Nunca brinque com Ouija.
2º
Se você vir na vitrine uma boneca feia, suja e que parece abrigar o demônio,
não compre.
3º
Não se mude pra casa de um psicopata
4º
Veja o que Ed e Lorraine Warren tem a dizer...
“”A aparência de um
espirito”, afirma Ed, ”depende inteiramente do modo como ele decide projetar a
si mesmo, ou de como vê a si próprio em sua mente. É por isso que contatos com
espíritos presos a terra nem sempre são eventos tranquilos, passivos. A
tragédia vem em muitas formas, em geral, acompanhada de violência, e os últimos
pensamentos de um indivíduo tendem a dominar a mente do seu espirito após a
morte física. Assim, via de regra, o fantasma se manifestará em um espetáculo
grotesco, que representa o modo como ele morreu. Além disso, uma pessoa que
encontra um fim trágico normalmente leva uma atitude negativa para o além-vida,
muitas vezes culpando Deus pelas suas aflições. Em consequência, alguns
espíritos são perversos e – ao contrário do que muitas pessoas podem pensar –
um espirito maligno é capaz de provocar efeitos físicos e psicológicos que
podem levar doenças, ferimentos e até morte. A opressão psicológica exercida
por espíritos humanos pode resultar em depressão profunda, em hábitos
perniciosos como embriaguez e insônia e até mesmo em impulsos suicidas. Os
feitos físicos podem variar desde doenças prolongadas até pontadas de dores
agudas que não tem origem clinica no corpo. ””
Título original: The Demonologist:
The Extraordinary Career of
Ed and Lorraine Warren
Autor: Gerald Brittle
Ano: 1980
Editora: Darkside books
Páginas: 268
|
O
casal Ed e Lorraine foram umas das pessoas mais conhecidas e importantes quando
se fala de investigação paranormal e demonologia. Nascidos na segunda metade
dos anos 20, eles tiveram algumas experiências sobrenaturais desde cedo, mas
só depois de adultos que começaram a estudar mais o assuntos e entender melhor
os fenômenos inexplicáveis que ocorrem ao nosso redor. Com esses interesses em
comum, eles, a partir de um hobby, começaram a se especializar e atuar como
investigadores paranormais, auxiliando e tendo auxilio de padres para conter o
mal que atormentava algumas pessoas e famílias. Os Warren estão envolvidos em
casos famosos como Amityville, Anabelle, Enfield e etc.
Toc,
toc, toc... tem alguém ai?
Bom, eu já falei um
pouco sobre isso na resenha de Amityville então não vou enrolar muito. Ed e Lorraine Warren é um livro de
não-ficção, isso quer dizer que tudo que está ali é verdade? Não. Então é tudo
mentira? Não.
Ai
você pergunta: então o que eu faço? Leia, absorva aquilo que você acha que é
verdade e divirta-se com aquilo que você não acredita. Por que aqui vamos
tratar de assuntos que se aproximam diretamente da religião, então se você
acredita em deus/diabo, fantasma, fada do dente e papai noel a leitura vai ter
um peso e um significado bem diferente daquilo que ela tem pra pessoas céticas
e niilistas que acreditam que não passamos de peido cósmico.
Mas
em todo caso, mesmo que você não acredite, é bom dar uma conferida, vai que sua
cama comece a balançar (por motivos não sexuais) e os pratos da sua casa
comecem a ser arremessados por essas forças demoníacas que, diga-se de
passagem, preferem encher o saco de famílias sem graça do que possuir gente
grande capaz de começar uma nova guerra mundial e mandar várias almas pro
inferno.
Enfim,
recado dado, acredite se quiser...
Eu, você, uma filha e alguns demônios
Cê topa?
Apesar do livro não ter uma estrutura
narrativa muito bem definida, ele funciona. O autor consegue transitar entre o
biográfico, as informações, os casos e as entrevistas sem causar confusão ou
estranhamento, fazendo com que a leitura flua tranquilamente e mantenha o
interesse do leitor.
Particularmente, gostei do estilo do autor,
que é conciso e direto, tratando de vários temas mas sem perder muito tempo
entrando em especifidades. Talvez isso possa incomodar uma pessoa ou outra que
queira mais detalhes e casos mais aprofundados, mas o principal de cada
abordagem feita está ali.
No início do livro vamos ter um breve
apanhado da biografia do casal, apenas com fatos importantes para que o leitor
tenha uma base sobre quem são aquelas pessoas e possa traçar um paralelo com
aquilo que ele irá ler adiante. Sendo assim vamos conhecer muito mais o lado
profissional deles do que o pessoal em si. Como por exemplo, as primeiras vezes
que tiveram contato com sobrenatural, o interesse de ambos por pinturas de
“casas mal-assombradas” que os levou pro caminho da demonologia, a mediunidade
de Lorraine, etc. Ou seja, as informações dadas são apenas aquelas que
influenciam nas temáticas e fantasmas e demônios. Informações mais pessoais não
estão presentes, tanto que o livro até cita a filha deles mas não desenvolve
nada além do necessário, do mesmo modo que não explica direito como eles se
conheceram nem o início do relacionamento deles, algo que poderia ser
interessante mas que não acrescentaria ao foco do livro.
A parte da biografia como pode ver é pouco
desenvolvida, mas é o suficiente para falar sobre aquilo que mais interessa:
demônios.
Me possua
Se estamos lendo um livro sobre um canal de
demonologistas, queremos saber dos capirotos e não de detalhes do romance entre
os dois, e acho que justamente por esse motivo o autor não entra muito nessas
questões mais pessoais. Então vamos ao que interessa.
Além dessa breve biografia que vai
aparecendo no decorrer da leitura, o livro é composto, principalmente, de duas
outras formas de conteúdo, as entrevistas e as informações coletadas pelo
autor, que vão se entrelaçando, isso é interessante porque cria uma dinâmica na
obra, tornando o livro mais vivo. Ao mesmo tempo que temos informações
teórico-religiosas sobre exorcismos, demônios e possessão, também temos a
transcrição de algumas palestras dos Warrens falando de como foi a experiência
deles em determinados casos e como essa base – religião e estudo – ajudaram
eles a compreenderem e resolver determinados casos.
Sendo assim o livro, caso você acredite,
acaba sendo, de certa forma, uma introdução a demonologia. Não, infelizmente
você ainda não vai ter a base pra sair expulsando o demônio das pessoas (se bem
que pela quantidade de livros e filmes que acompanho sobre o tema, acho que
tenho muito mais qualificação que alguns pastores por ai que dizem fazer
exorcismo), mas ele apresenta básico sobre o tema, falando como funciona o
processo de exorcismo, como alguns deles foram feitos, as formas mais comuns de
possessão, a diferença entre os espíritos humanos e os espíritos não-humanos,
os motivos que levam uma pessoa a atrair esses espíritos e o porquê de alguns
deles estarem entre nós e etc.
Tendo isso como base, os casos descritos no
livro ajudam o leitor a ter uma melhor ideia daquilo que os Warren enfrentaram
em cada um deles.
“- Mariazinha, qual a profissão dos seus
pais?
- Papai vende carro e mamãe trabalha em um
buffet
- Judy, o que seus pais fazem?
- Exorcizam demônios, professora”
Como dito anteriormente, o livro não tem
uma estrutura muito fixa, mas em cada capitulo vamos acompanhar um pouco melhor
os casos em que os Warren se envolveram, alguns mais famosos como Amityville,
Annabelle e Enfield e outros menos conhecidos mas igualmente importantes para
o casal, e é aqui que está a parte mais interessante do livro.
Diferente dos filmes que já
conhecemos (Invocação do mal, Annabelle, etc.) e até mesmo do livro Amityville,
aqui temos a oportunidade de ver muitos dos casos pelo ponto de vista do
próprio casal, uma vez que boa parte do livro é composta por relatos dos
mesmos, sem precisar passar por vários filtros externos para deixar as coisas
mais atraentes para o público. Claro que aqui vamos ter as intervenções e as
seleções de entrevistas do autor Gerald Brittle, que pode distorcer e colocar
algumas coisas fora de contexto, mas tem mais interesse em falar sobre os casos
que ele se envolveram do que transformar em uma obra de entretenimento, como um
filme blockbuster, por exemplo, que precisa editar e alterar diversas
situações para que seja mais fácil de atingir o público e consequentemente
vender mais.
Não entrarei em detalhes sobre os
casos porque você pode simplesmente dar um Google ou deixar de ser mão de vaca
e comprar o livro, mas adianto que é bem interessante conhecer um pouco mais
sobre esses casos, tão conhecidos, por uma perspectiva diferente e tendo a base
teórica oferecida pelo autor para acompanhar melhor aquilo que os Warren
enfrentaram. Além disso, também é bem legal de ver um pouco sobre os bastidores
desses casos - os preparativos de uma visita, a rotina dos dois e como eles
conciliavam os diversos pedidos de ajuda, o primeiro contato com as
famílias/espiritos, como as famílias chegavam até eles, a parceria deles com a
igreja, etc.
Alguns casos são mais detalhados que
outros, mas nenhum deles tem muita profundidade, o autor nos conta apenas o
necessário para entender o que está se passando, isso é bom por tornar a
leitura mais rápida e fluida, mas também aumenta o número de questões dando a
entender que algumas coisas não seriam muito convenientes para não gerar
duvidas e tirar a credibilidade deles. Mas não é algo que incomoda se você
abraçar a ideia do livro.
A única coisa que me deixou bem
curioso e queria mais informações foi sobre as ligações estranhas que os Warren
recebiam depois de ficarem famosos. Em determinado ponto há uma passagem em que
a Lorraine diz que recebiam muitas ligações de pessoas falando que estavam
lidando com algo sobrenatural, um exemplo curioso foi a de uma senhora que
perdeu a dentadura e estava culpando um espirito. Fico imaginando a quantidade
de pessoas que ligaram com relatos desse tipo, bem que eles podiam ter feito um
livro só com essas histórias bizarras que devem ter escutado diariamente, né?
Se eu encontrar o capeta,
devo abraça-lo?
Sem dúvidas, e ainda por cima tire
uma selfie para postar no facebook, duvido que seus amigos tenham uma
foto com celebridade tão legal quanto a sua.
Voltando. Eu li Ed e Lorraine logo depois de ter me decepcionado um pouco com Amityville
(como você pode ver na resenha), então fui com o pé atrás por se tratarem
de livros com assuntos semelhantes que cruzam em determinados pontos, contudo,
pra minha surpresa, o livro acabou me surpreendendo positivamente. Ele é
divertido de ler e tem um ritmo bom, sendo um ótimo passatempo pra todo mundo
que se interessa pelo assunto, independente de se acreditar ou não em seu
conteúdo. É que mesmo você não acreditando no aspecto sobrenatural, você vai
acabar se questionando sobre outros diversos assuntos (alguns relevantes e
outros nem tanto) que vão te deixar entretido por toda a leitura, como: Será
que os Warren eram charlatães e enganavam todo mundo? Será que eles realmente
acreditavam naquilo tudo? Se eles tivessem nascido uns anos depois aqui no
Brasil, eles seriam esses pastores evangélicos que tiram o capeta das pessoas?
Porque dificilmente vemos demônios fora do cristianismo? Será que demônios tem
fetiche por cristãos? Imagina que loucura se o capeta aparece em casa? Será que
demônios tem algum protocolo pra infernizar a família? Demônios são virginianos
pra serem tão organizadinhos e metódicos e seguirem esses padrões?
Enfim, se você curte esses filmes
baseados nos casos, se interessa pelo assunto, tem curiosidade sobre esse
casalzinho que sai apavorando os demônio tudo, vá atrás do livro que é bem
divertido (ou assustador, as vezes esqueço que nem todo mundo ri na cara do
diabo). E além de tudo, essa edição da Darkside, que recebemos em parceria, tá
lindona. Além do texto e de todos aqueles detalhes que gostamos tanto, vamos
ter algumas fotos do casal e até mesmo umas fotos de casos, em que é possível
ver o resultado de supostas manifestações sobrenaturais.
Se seu sonho sempre foi caçar
fantasmas e demônios, talvez esse livro seja o que você precisa pra criar
coragem e começar a sua jornada.
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