Você
tem o sonho de sair da casa de seus pais? Quer conseguir aquele emprego que faz
voce acordar feliz todos os dias? Quer casar e ter filhos com aquela linda cocotinha
mulher? Quer viver o seu próprio american dream? Sim?
Tudo
bem. Entendo. Porém, não é só voce que quer isso.
Steve
e Eileen Batemen também queriam, porém eles pediram um ”Sonho americano” e
ganharam uma Geladeira Diabólica...
Título original: The refrigerator
Lançamento: 1991 (EUA)
Duração: 86 minutos
Direção: Nicholas Jacobs
A
geladeira diabólica
Um sonho refrigerado
“The
Refrigerator” é uma daquelas idéias que parecem terríveis na teoria, mas que na
prática produzem um resultado bem interessante (mentira, o resultado também é
terrivel, só que de uma maneira positiva).
O
filme pode ser apenas mais um trash, e provavelmente foi feito somente com esse
propósito, entretanto, passa bem a idéia do American
Way of Life. Como vocês provavelmente já sabem, nós do Café não assim somos
muito normais, então podemos ver coisas que as pessoas não veem, pode ser que
não exista nenhuma relação, mas o blog é nosso e a critica é nossa, então...
Brincadeira,
caros leitores, se voces acham que viajei e que não existe p*rr# nenhuma de American Way no filme pode ir la nos
comentarios e falar o que quiser.
Abrindo
a geladeira para pensar
Um
jovel casal - Steve e Eileen Batemen - sai da casa dos pais e se muda para Nova
York em busca de seus sonhos. Ela quer ser atriz da Broadway e ele deseja crescer
em uma grande empresa, entretanto, o aluguel estava muito barato para ser
verdade, existe uma presença maligna no predio: uma GELADEIRA.
Cidade
nova, emprego novo, geladeira velha
Um
casal de foras da lei que estão mais loucos que o batman chegam no
apartamento que futuramente será alugado pelos protagonistas. Após adentrar ao
apartamento e dar uma rapidinha, o casal é comido (?) pela grande estrela do
filme: A Geladeira.
Sendo
assim introduzidos ao filme, somos levados a Ohio onde Steve está pedindo
demissão do seu emprego, já que recebeu um oportunidade melhor em NY assim como
Eileen que larga seu emprego de professora pra seguir o sonho de sua vida: ser
atriz.
Mesmo
com o ciumes e preocupação da mãe e pequenas visões de Eileen, ambos entram no
carro e gritam liberdade enquanto seguem para a nova vida... Porém, logo ao
chegar no apartamento, já começam a perceber que o sonho é muito diferente da
realidade, mas por conseguirem um aluguel que é metade do que planejavam pagar e
por levarem uma geladeira de brinde, acabam aceitando pois sabem que o futuro é
promissor e tudo vai melhorar. Contudo, no dia da mudança, uma misteriosa mulher dá o aviso: “Eileen, não se mude pra
cá.”
American
Nightmare
O
filme brinca com o “American Dream” e
contrapõe a esperança de alcançar os sonhos com a realidade de muitos. O casal
principal (principalmente o Steve) mostra bem a situação em que as pessoas se
sujeitam a sair de uma zona de conforto pra buscar sempre mais, mesmo que
tenham que se submeter a posições indesejadas (e em muitos casos, não tendo
certeza se conseguirão atingir o objetivo almejado).
Essa
esperança do “American dream” pode
ser percebida em diversos pontos, começando pelos créditos logo depois da cena
inicial, em que se mostram desenhos (dos
anos 40 +ou-, se não me engano) de mulheres, donas de casa, felizes com suas
geladeiras. Nesse período o próprio cinema fazia muita propaganda similar, por
exemplo: foco em eletrodomesticos, cenários e diálogos que destacassem objetos
que eram desejos de consumo das donas de casa da época. “Geladeira Diabolica”
brinca um pouco com isso, logo que o casal entra no apartamento um close é
feito na geladeira, ao mesmo tempo em que o casal se aproxima; podemos comparar
esse close com o foco em camera lenta que é dado nas gostosonas de filmes de
ação que chegam para alegrar a vida do herói e espectadores.
A
primeira vez que Steve abre a geladeira ele encontra ali seu queijo favorito,
mostrando o que o modo de vista capitalista é sedutor, podendo te dar aquilo
que você deseja na hora que quiser, entretando, aos poucos consequencias
começam a ser percebidas, como, por exemplo, a necessidade de trabalho. Sai-se
para a labuta com medo de se atrasar, pensando em conseguir cada vez mais
dinheiro e se mostrar prestativo nas tarefas, tendo preocupações com tudo aquilo que puder lhe trazer lucro e
esquecendo-se do resto, sua felicidade.
Quanto
mais tempo Steve passa próximo a geladeira, mais ele começa a ser influenciado
e aos poucos enlouquecer. Num momento ele acorda no meio da noite, abre a
geladeira e detrás de um produto qualquer saem seu chefe e sua esposa, dizendo
que ele está fazendo muito bem as coisas e que logo será um homem de sucesso,
levando-nos a pensar sobre a questão da terra da oportunidade e do modo de vida
capitalista, que nos ensina que todos nós iremos crescer e ter sucesso, mas que,
na verdade, sabemos que nem sempre é assim.
*
Outra
questão que podemos analisar é o momento em que Steve, novamente, acorda no
meio da noite com vontade de comer Waffles. Sabe quando misteriosamente
sentimos a necessidade de comprar algo mesmo sabendo que não precisamos?
Então...
Também
vemos sugestivamente o “No pain no gain” no filme, em certo momento, Eileen
abre o freezer para retirar o pote de sorvete, porém o frio faz com que seu
dedo grude no pote e ao tentar desgrudar ela acaba se machucando.
Além
desses pontos citados, há também muitas coisas que enfatizam a cultura americana,
como, por exemplo, o hábito de fazer um churrasco de hamburguer em casa e
chamar todos os amigos e vizinhos.
A
terra das oportunidades... Para alguns.
O
filme critica essa idéia de que Nova York é um lugar onde seus sonhos se
realizam. O personagem Juan, o encanador, era artista (dançarino de flamenco)
na Bolivia, entretanto, ao se mudar para os EUA teve que aceitar a vida de
encanador para que pudesse sobreviver. A terra das oportunidades se limita a
poucos, e quando se é latino as coisas ficam ainda mais dificeis, tanto que a
primeira vítima do “American Way”... digo, da geladeira, é um latino amigo de
Juan que estava tentando concertá-la.
Ajustando
a temperatura
Não
digo que a parte técnica do filme seja ótima, mas achei ela muito interessante.
O diretor soube usar a camera muito bem em algumas cenas. Aquelas que mostram
os “delírios” de Eileen - com a câmera em movimento - passam bem a ideia de
instabilidade e insegurança da personagem, além de muitos closes, como dito
anteriormente.
Assim
como a fotografia, a trilha sonora também é aquele mais do mesmo, porém com um
toque de criatividade. Em mais ou menos duas partes do filme, a música do filme
fala sobre os personagens do filme, como se fosse uma narração, algo que fica
diferente e divertido.
Ademais, os momentos em que a
geladeira “ataca” são divertidissimos, trash da mais pura qualidade.
Devo
entrar no portal do inferno, vulgo geladeira?
Sim, “The Refrigerator” é um filme
extremamente divertido e com muitas questões subliminares (se foram propositais
eu não sei). Apesar de não ter muitas mortes pra um filme trash, ele cumpre
muito bem seu papel, com uma boa dose de sangue e bizarrices.
Seus assaltos noturnos a geladeira nunca
mais serão os mesmos...
Trailer:
Hahaha Adorei a idéia, quero ver esse filme...
ResponderExcluirO, Victor que assistiu, mas eu gostei da resenha. Parece ser bem legal, né? Me lembrou um pouco do "Massacre do microondas".
ResponderExcluirCara, adorei sua resenha. O filme tem muitas críticas sociais interessantes. E devido a partes mais "Trash" muitas pessoas não conseguem ter essa mesma visão
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